Dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e uma pesquisa com 115 nações mostram a crescente carga do câncer, o impacto desproporcional em populações carentes e a necessidade urgente de abordar as desigualdades do câncer.
Os peritos estimam que cerca de uma em cada cinco pessoas desenvolverá cancro durante a sua vida, enquanto aproximadamente um em cada nove homens e uma em cada 12 mulheres morrem da doença.
O inquérito revelou que apenas 39% dos países participantes cobriam aspectos básicos da gestão do cancro como parte dos seus serviços básicos de saúde financiados para todos os cidadãos, ou seja, pacotes de prestações de saúde.
Além disso, apenas 28% dos países participantes também cobriam os cuidados para as pessoas que necessitavam de cuidados paliativos, incluindo o alívio da dor em geral e não apenas a dor relacionada com o cancro.
De acordo com as novas avaliações disponibilizadas pelo Observatório Global do Cancro da IARC, 10 tipos de cancro representaram, em conjunto, cerca de dois terços dos novos casos e mortes em todo o mundo em 2022.
Os mais comuns foram o cancro do pulmão, com 12,4 por cento de todos os novos casos, o da mama feminina (11,6), o colorrectal (9,6), o da próstata (7,3) e o do estômago (4,9).
O cancro do pulmão foi a principal causa de morte por cancro (18,7% do total), seguido do colorrectal (9,3), do fígado (7,8), da mama (6,9) e do estômago (6,8).
Nas mulheres, o cancro mais frequentemente diagnosticado e a principal causa de morte por esta causa foi o cancro da mama, seguido do cancro do pulmão e do cancro colorrectal, enquanto nos homens foi, por ordem de incidência, o cancro do pulmão, da próstata e colorrectal.
As avaliações globais revelaram desigualdades notáveis na incidência do cancro em função do nível de desenvolvimento humano.
O novo inquérito global da OMS revela as grandes desigualdades e a falta de proteção financeira contra o cancro em todo o mundo, uma vez que as populações, especialmente nos países com rendimentos mais baixos, não têm acesso aos cuidados básicos contra o cancro”, afirmou Bente Mikkelsen, diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS.
Prevêem-se mais de 35 milhões de novos casos de cancro até 2050, um aumento de 77% em relação aos 20 milhões estimados em 2022.
Os peritos sublinham que o rápido crescimento da incidência mundial do cancro reflecte o envelhecimento e o aumento da população, bem como as alterações na exposição das pessoas a factores de risco, muitos dos quais estão associados ao desenvolvimento socioeconómico.
Segundo a OMS, o tabaco, o álcool e a obesidade são factores-chave no aumento da incidência do cancro, enquanto a poluição atmosférica continua a ser um dos principais factores de risco ambiental.
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