23 de December de 2024
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França contagiada pelo avanço europeu da extrema direita

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Paris, 10 fev (Prensa Latina) No momento são apenas pesquisas, mas a França também parece impactada pelo avanço que a extrema direita experimentou nos países da União Europeia (UE) nos últimos anos, a ponto de liderar ou ingressar em governos.

Segundo as sondagens, se as eleições presidenciais francesas se realizassem nestes dias, a três vezes candidata ao Palácio do Eliseu, Marine Le Pen, seria a clara favorita, à frente dos políticos que emergem como representantes do partido no poder nas eleições que irão não ocorrerá até 2027, o primeiro-ministro Gabriel Attal e o ex-ocupante desse cargo Édouard Philippe.

A fundadora do Rally Nacional (RN), partido com o qual se distanciou das posições mais radicais do seu pai Jean-Marie Le Pen, garantiria pelo menos o regresso à segunda volta das eleições, instância em que foi derrotada em 2017 e 2022 por Emmanuel Macron, que não poderá concorrer novamente.

Esta semana, uma sondagem do Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP) para a revista Valeurs actuelles – aqui identificada com a extrema-direita e o conservadorismo – colocou o deputado de 55 anos com 36 por cento dos votos na primeira volta, bem à frente de Attal e do atual prefeito de Le Havre, ambos com 22%.

Para a segunda volta, o estudo atribuiu a vitória a Le Pen, com metade dos votos no hipotético duelo contra Philippe e 51 por cento deles contra o mais jovem primeiro-ministro da Quinta República Francesa, de 34 anos.

Outras pesquisas recentes sugeriram resultado semelhante no primeiro turno, como a publicada em 14 de janeiro pelo próprio IFOP, mas para o semanário Le Journal du Dimanche, com vantagem para Le Pen de 33-25 no cenário Philippe e 32 – 23 no Attal.

Por seu lado, uma sondagem da Ipsos publicada há três semanas pelo La Tribune Dimanche refletiu que, quando questionados sobre que político gostariam de ver no poder após as eleições presidenciais de 2027, 36 por cento responderam Le Pen, enquanto Attal e Philippe receberam 33.

O preocupante, para quem alerta para o risco de banalizar a ameaça representada pela extrema direita com as suas posições anti-imigrantes, nacionalistas e eurocépticas, é que o presidente do RN e braço direito da Marinha, Jordan Bardella, também tem interesses políticos capital na França para lutar pelo Eliseu.

Segundo as sondagens, a eurodeputada de 28 anos é uma das personalidades preferidas do país, e Le Pen já confirmou que se vencer em 2027, a nativa de Drancy será a sua primeira-ministra.

Antes das ainda distantes eleições presidenciais, haverá um termómetro importante em solo francês, as eleições europeias de 9 de junho, nas quais a extrema-direita através do RN também é favorita.

Com Bardella no topo da lista, o partido de extrema-direita obteve 28,5 por cento dos votos num estudo de opinião realizado em meados de janeiro pela Elabe para a rede de televisão BFM, bem acima dos 23,3 com que dominou as eleições para as eleições europeias. Parlamento em 2019.

Atrás do RN estava 10 pontos atrás do governista Renascimento com seus aliados Movimento Democrático e Horizontes.

Le Pen mostra capacidade de se reinventar e evitar posições ultra-radicais, a ponto de poder criticar o programa de “reimigração” do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AFD), próximo do RN no Parlamento Europeu.

Ainda não se sabe se ela será ou não a próxima presidente da França, nem seria surpreendente numa região que já viu Giorgia Meloni chegar ao governo na Itália e Vikor Orbán alcançar um novo mandato na Hungria, enquanto na Finlândia e na Eslováquia a extrema direita faz parte do poder, na Suécia apoia-a sem participação e na Holanda Geert Wilders venceu as eleições legislativas e tenta formar governo.

Em recentes declarações à imprensa, Macron afirmou no mês passado que fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a chegada de Le Pen ao Palácio do Eliseu. Não tenho orgulho de vê-la no topo das pesquisas, reconheceu o presidente.

Na opinião do chefe de Estado, é urgente atacar as causas que permitem avançar a extrema-direita, panorama sobre o qual manifestou preocupação, dada a possibilidade de “todos se habituarem”.

Para evitar o regresso dos extremos, devemos atacar o que os faz regressar, o desemprego massivo, a desindustrialização e a imigração clandestina, sublinhou.

ro/wmr/ml

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