Por Teyuné Díaz Díaz
Editorial de Economia, Prensa Latina
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) implementado desde 2018, tendo o Canadá como país doador, atua em cinco municípios do país, e é composto por 35 beneficiários. Deles, 25 cooperativas e 10 entidades estatais, com 35 projetos de intervenção, explicou à Prensa Latina o coordenador técnico nacional do projeto, Emilio Farrés.
O critério de seleção dos municípios -Caimito, Alquizar, Artemisa, Contramaestre e Santiago de Cuba-, nas províncias de Artemisa e Santiago de Cuba, foi o peso que tinham na produção frutícola a nível nacional, especificou.
O pesquisador destacou ainda que o Ministério da Agricultura e o Instituto de Fruticultura – como braço executor – conceberam o projeto em etapas e buscaram três resultados.
Em primeiro lugar, expandir as capacidades locais para, entre governo e produtores, gerir a cadeia, diagnosticar o planeamento estratégico local e fortalecer as capacidades das pessoas.
Em segundo lugar, fortalecer as capacidades produtivas das entidades cooperativas e, finalmente, fortalecer as das entidades estatais ou não cooperativas.
Farrés destacou que há dois aspectos transversais no projeto, a eliminação das disparidades de gênero e o empoderamento das mulheres, bem como a eficiência energética da cadeia através da utilização de fontes de energia renováveis.
Quanto às questões de gênero, explicou que estudos complementares identificaram a baixa participação das mulheres nas cadeias de fruta e como resultado promoveram projetos para eliminar lacunas e dar-lhes um papel mais relevante.
Outra investigação, acrescentou, centrou-se na eficiência energética, o que permitiu a aquisição de sistemas de rega com painéis fotovoltaicos, moinhos eólicos e outras formas de aproveitamento de fontes de energia renováveis a incluir nos projetos de intervenção, juntamente com uma investigação financeira que englobasse os interesses do mercado.
Elaboradas pelos próprios produtores, acrescentou, as iniciativas têm uma avaliação econômica para garantir a sustentabilidade e nos estudos identificou-se que uma parte da comercialização deveria ser direcionada para nichos como o turismo, o mercado interno ou a exportação.
Isto, para garantir a recuperação de insumos, peças sobressalentes para equipamentos agrícolas e de transporte, para equipamentos de entidades que geram valor acrescentado ao processamento da fruta ou ao seu benefício, enumerou. Estes aspectos são observados como um problema nesta estratégia e nos pomares de Cuba em geral, sublinhou o especialista.
A pesquisadora destacou que nesses projetos há uma articulação com a Lei de Segurança Alimentar (SAN). Nós, disse, desenvolvemos a estratégia nacional de pomares, orientações fundamentais para que cada município desenvolva o seu plano e o das localidades, liderados pelos seus próprios governos.
A descentralização das funções e da problemática alimentar de cada localidade é responsabilidade do governo, o Instituto fornece ferramentas.
A lei da SAN, a estratégia e o desenvolvimento dos lugares não podem ser vistos isoladamente, continuou, “os pomares fazem parte do complemento nutricional, e cada município tem que ser soberano, pelo menos, da maior quantidade possível de alimentos para sua população”.
Farrés indicou que apesar da diminuição dos indicadores de produção agrícola nos últimos anos, nos polos produtivos das três cadeias trabalhadas há um aumento em relação à linha de base de 2018, e em alguns locais a meta foi superada.
Isso demonstra a relevância da gestão da cadeia, trabalhando nos pontos mais fracos para alcançar um desenvolvimento uniforme, por exemplo, talvez o problema não seja produtivo e sim de marketing ou processamento de frutas.
Atualmente o projeto está na fase três, a implementação e medição dos resultados, mas foi solicitada ao Governo do Canadá uma prorrogação até o final de 2024 e uma extensão do crédito dadas interferências externas que surgiram quando coincidiu com a pandemia da Covid-19.
A doença global, cujo impacto negativo transcendeu o comércio internacional, o aumento dos fretes, os atrasos na chegada de equipamentos; a chegada de Donald Trump à presidência dos EUA (2017-2021) que intensificou o bloqueio ao país; e ainda, a passagem do Furacão Ian em 2022 por Artemisa, uma das províncias beneficiárias.
Contudo, observam-se resultados relevantes na transformação realizada nos territórios, no fortalecimento das capacidades produtivas das cooperativas, na melhoria na gestão das plantações, na inserção de tecnologias mais eficientes e sustentáveis.
Há também um aumento na produção e utilização de bioprodutos, a expansão das capacidades locais para acrescentar valor e o aumento da participação e empoderamento das mulheres.
De qualquer forma, para alcançar melhores resultados é necessária a participação ativa da diversidade de setores, atores e instituições que fazem parte da cadeia.
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