“O único motivo do silêncio dele se deve ao fato de estar respondendo agora a uma investigação semissecreta”, disse o advogado Paulo Cunha, que representa o ex-presidente (2019-2022).
Cunha disse que seu cliente (Bolsonaro) nunca foi a favor de qualquer tipo de ação golpista e “não teme nada porque não cometeu nenhum crime”.
A equipe jurídica do ex-governador disse, em nota, que enquanto não houver acesso legítimo e amplo à investigação, “Bolsonaro não fará qualquer declaração”.
A PF descobriu, entre outros elementos, um vídeo da reunião em que o ex-presidente diz a seus ministros que não poderiam esperar o resultado das eleições de 2022 para agir.
Além da gravação, apreendida no computador de Mauro Cid, ex-assessor do ex-chefe de Estado, os peritos da polícia angariaram outros elementos que colocam o político de extrema direita no centro da trama golpista.
Por exemplo, nessa reunião, de acordo com o vídeo, Bolsonaro prevê que poderia perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do Partido dos Trabalhadores, e pede aos ministros que acionem o “Plano B”.
Na mesma citação, um de seus auxiliares mais próximos, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, argumentou que a mesa tinha que ser derrubada logo, antes do resultado do referendo.
As forças de segurança também encontraram, no gabinete de Bolsonaro na sede do Partido Liberal (PL), um documento com teor golpista que anunciaria a decretação de estado de sítio e a imposição da garantia da lei e da ordem no país.
No início de fevereiro, Bolsonaro foi alvo de uma operação policial por supostamente estar envolvido no golpe de 8 de janeiro de 2023 contra o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio Presidencial na capital.
A cruzada policial se concentrou em Heleno e Walter Braga Netto (Casa Civil), vice-presidentes na chapa de Bolsonaro na última eleição.
Também foram alvos o líder do PL, Valdemar da Costa Neto, o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
No total, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 outras medidas cautelares, incluindo a proibição de contato com os investigados.
Os fatos investigados podem levar a acusações de organização criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito e golpe de estado.
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