Falando esta semana no segmento de alto nível da 6ª Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente (UNEA-6), que terminou na sexta-feira, o chefe da OMS reiterou a situação urgente do ambiente em que vivemos, onde a saúde humana está a sofrer juntamente com a saúde do planeta.
Se a Terra fosse um doente, estaria nos cuidados intensivos, os seus sinais vitais são alarmantes, disse Tedros a uma dúzia de chefes de Estado e de governo africanos e a ministros de todo o mundo.
Há febre, e cada um dos últimos nove meses foi o mais quente de que há registo, e a sua capacidade pulmonar está comprometida, com a destruição das florestas que absorvem dióxido de carbono e produzem oxigénio”, disse o chefe da OMS.
Recordou também que muitas das fontes de água da Terra – o seu sangue vital – estão poluídas e avisou que, o mais preocupante de tudo, o seu estado está a deteriorar-se rapidamente2″.
Como exemplo desta realidade, citou as sucessivas vagas de calor, que contribuem para o aumento das doenças cardiovasculares, enquanto a poluição do ar provoca cancro do pulmão, asma e doença pulmonar obstrutiva crónica.
Produtos químicos como o chumbo também causam deficiência intelectual, doenças cardiovasculares e renais, enquanto a seca e a escassez de água afectam a produção de alimentos, tornando as dietas saudáveis menos acessíveis, afirmou.
As alterações climáticas também provocam mudanças no comportamento, distribuição, movimento, alcance e intensidade dos mosquitos, aves e outros animais que propagam doenças infecciosas como a dengue e a malária para novas áreas.
Além disso, afirmou, o comércio ilegal de animais selvagens aumenta o risco de contágio zoonótico que pode desencadear outra pandemia.
Tedros insistiu que as causas desta crise são multi-sectoriais, tal como os seus impactos, e que a resposta também o deve ser.
Coletivamente, metemo-nos nesta confusão. Temos de sair dela coletivamente. Nenhum país ou agência pode fazer isso sozinho”, alertou.
A Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente é o mais alto órgão de decisão do mundo em matéria de ambiente. Reúne-se de dois em dois anos para definir a política ambiental global e também para definir o trabalho do Programa das Nações Unidas para o Ambiente nos meses que se seguem.
No total, o evento, que decorreu de 26 de fevereiro a 1 de março na capital do Quénia, contou com a participação de cerca de 7 mil delegados de 182 Estados membros da ONU e mais de 170 ministros.
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