Ela disse aos repórteres que as autoridades de fato querem o reconhecimento internacional, mas têm dificuldade em cumprir as regras.

“Uma parte do governo reconhece que deveria superar isso, mas alguém mais alto decidiu que não deveria; que mulheres e meninas deveriam ficar nos bastidores”, disse ela à mídia após uma reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no país.

Informando, Otunbayeva enfatizou a necessidade de reverter inúmeras restrições à vida de mulheres e meninas, alertando que quanto mais tempo elas durarem, mais danos causarão a esse grupo.

A recente detenção arbitrária de mulheres afegãs por supostas violações do código de vestimenta islâmico tem “um efeito assustador” sobre a população feminina em geral, acrescentou ela.

Muitas mulheres agora têm medo de andar em público, disse ela.

Entre outros desafios, os civis afegãos também enfrentam demonstrações públicas de violência, incluindo punição corporal e capital, falta de governança inclusiva e marginalização das minorias.

Na opinião da enviada, embora a segurança cotidiana tenha melhorado para milhões de pessoas desde a tomada do poder pelo Talibã, isso teve um custo enorme.

Embora a ONU reconheça isso como um aspecto positivo, ela alerta para a necessidade de abordar o acesso aos direitos humanos, civis, culturais, econômicos, políticos e sociais da população.

Se as outras questões não forem abordadas, enfatizou o enviado da ONU, as conquistas em termos de segurança ou a redução do cultivo de opioides não serão suficientes para garantir a sustentabilidade em longo prazo.

Após a recusa do Talibã em participar da segunda reunião de enviados especiais nacionais e regionais para o país, realizada no Catar em 18 e 19 de fevereiro, o representante da ONU considerou que o país continua sendo um desafio persistente para a comunidade internacional.

Sua decisão de não comparecer não foi uma rejeição de seu desejo declarado de se engajar com a comunidade internacional, mas um reflexo da preocupação com a sua percepção de exclusão como parte interessada nas discussões internas, disse ela.

As autoridades afegãs achavam que as consultas deveriam ser genuínas e não simplesmente uma questão de a comunidade internacional informá-las sobre suas decisões, acrescentou.

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