Com o nome de “Plano de ação encoberta contra o regime de Castro”, o documento detalha as tarefas que, para esse fim, seriam organizadas de forma articulada a partir dos centros de poder e da comunidade de inteligência do país do norte.
Revelações posteriores trariam à luz a perversidade dos esforços do governo de Washington que procurou, a todo custo, substituir à força a liderança cubana por outra mais alinhada com os interesses dos Estados Unidos.
Este objetivo tinha que ser alcançado de forma a evitar qualquer aparência de intervenção norte-americana, razão pela qual, desde o primeiro momento, utilizaram grupos seletos de emigrados residentes em território dos Estados Unidos.
Segundo um dos textos desclassificados publicados na coleção Relações Exteriores dos Estados Unidos, para atingir este objetivo era necessário criar uma oposição cubana “unificada e responsável” que implantasse uma ofensiva propagandística.
Neste sentido, o plano concebia a criação de uma estação de rádio e de uma organização secreta de inteligência e ação dentro de Cuba (que já estava em andamento), além do treinamento de uma força paramilitar fora da ilha que daria apoio logístico às operações. militares secretas.
Segundo especialistas no assunto, no âmbito da conspiração contra a nação antilhana, foram realizadas diversas sessões de trabalho nos principais círculos de decisão do governo Eisenhower, nas quais se discutiu a forma de agir para derrubar a revolução cubana.
A partir deste contexto, persistem, até os nossos dias, alguns dos argumentos utilizados pelo célebre e tenebroso subsecretário do Departamento de Estado para Assuntos Interamericanos, Lester Mallory, dirigidos ao secretário adjunto desta pasta, Roy Rubottom.
Nessa circular, datada de 6 de abril de 1960, sob o título: “O declínio e queda de Castro”, Mallory assegurou que a maioria dos cubanos apoiava Fidel Castro e que, além disso, não havia uma oposição política eficaz, “situação que tinha ser revertida”, observou.
O único meio previsto, que teria possibilidade de alienar o apoio interno (ao governo revolucionário) era através do desencanto e do descontentamento baseados na insatisfação econômica e na privação, e foi o que recomendou o diplomata.
Mallory acrescentou ao acima exposto que a negação de dinheiro e suprimentos a Cuba causaria uma diminuição dos salários monetários e reais, o que levaria “à fome, ao desespero e à derrubada do governo”.
Desde que o governante da Casa Branca sancionou com a sua assinatura o plano de ações encobertas contra Fidel Castro e o seu governo, as atividades subversivas assumiram primeiro a forma de atos de propaganda desestabilizadora na rádio e na televisão, e depois escalaram para o confronto militar direto contra a ilha.
Neste sentido, está amplamente documentado o apoio financeiro e logístico da potência norte-americana aos mercenários que invadiram o país antilhano através de um ponto ocidental conhecido como Playa Girón, ou Baía dos Porcos.
Ao mesmo tempo, as administrações dos EUA não pouparam pressões políticas contra a ilha, como as que levaram, em 1962, à expulsão de Cuba como membro da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Da mesma forma, na esfera econômica, o criminoso bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto nesse mesmo ano pelo governo de John F. Kennedy, e intensificado pelas sucessivas administrações do norte do país, transcende até aos dias de hoje, com um caráter intervencionista e extraterritorial.
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