A iniciativa, com um investimento previsto de R$ 665 milhões, foi apresentada em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, onde o fundador do Partido dos Trabalhadores assinou cerimonialmente o decreto que institui o programa.
Em seu discurso, Lula admitiu que, “enquanto estamos aqui reunidos, em algum canto do país há uma pessoa negra sofrendo agressões verbais e físicas, única e exclusivamente por causa da cor de sua pele”.
Ou pior, disse ele, “confundido com um bandido e executado a sangue frio. Ou vítima de uma bala perdida que quase sempre encontra um corpo negro em seu caminho e que tantas vezes mancha de sangue os uniformes escolares e rouba a alegria e a paz de famílias inteiras em nosso país. Não podemos acreditar que isso seja normal”, argumentou ele.
O presidente também citou os casos de racismo sofridos pelo jogador de futebol brasileiro Vinicius Jr., do clube espanhol Real Madrid e vítima constante de ataques.
Ele denunciou que o jovem é “acusado, difamado, insultado dentro de estádios na Espanha, um país considerado rico, um país considerado civilizado, mas que a questão do racismo ainda não parece sair da cabeça de uma sociedade branca, que tem a ideia fixa de que a supremacia de tudo é branca e que os negros são cidadãos de segunda classe”.
O ex-sindicalista também disse que os jovens “não podem desistir da política” e os conclamou a assumir a liderança política.
No evento, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou o trabalho conjunto de 18 ministérios nas ações que buscam defender a vida das famílias negras no país.
“As pessoas precisam garantir a vida dos nossos jovens. Por isso, as pessoas estão tomando atitudes concretas”, disse.
O plano está estruturado nos seguintes eixos: educação, cultura, segurança pública, trabalho e renda, trabalho gerador de renda, ciência e tecnologia, esporte, segurança alimentar, fortalecimento da democracia, meio ambiente, garantia do direito à cidade e valorização dos territórios.
No total, o programa engloba 43 metas e 217 ações, e será implementado ao longo de 12 anos, com avaliação e renovação a cada quatro calendários.
De acordo com dados divulgados pelo Palácio do Planalto, sede do poder executivo, a juventude negra representa aproximadamente 23% da população brasileira, estimada em 215 milhões de habitantes.
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