O Capítulo Dominicano da Assembleia dos Povos do Caribe entregou um documento na sede da representação da ONU na capital, no qual pediu a essa organização que não se preste a uma nova intervenção militar em Porto Príncipe.
Antes da entrega do documento, dezenas de pessoas reunidas em frente ao escritório da ONU entoaram “Solidariedade com o Haiti”, acompanhadas pela bandeira da República Dominicana.
Em uma carta endereçada a Antonio Guterres, Secretário Geral da ONU, ele disse que “a gravidade da situação criada no Haiti, como resultado das políticas de dominação e controle das potências colonialistas e imperialistas, não poderia ser mais patética em virtude dos assassinatos, saques e todas as formas de violência de que esse povo é vítima”.
Destacou que os eventos atuais respondem ao roteiro aplicado pelos Estados Unidos, França e Canadá, no qual a desarticulação institucional desse país ocupa um lugar de destaque, como confirmado no curso do golpe de Estado contra o governo liderado por Jean Bertrand Aristide em 1991.
O Capítulo Dominicano expressou que, em todos esses anos, esses países organizaram farsas eleitorais e instalaram governos de fato apoiados pela corrupção e pelo tráfico de drogas.
“Os imperialistas fingem estar ajudando a construir a segurança no país, ao mesmo tempo em que enfraquecem a polícia nacional haitiana, promovendo a emigração de mais de três mil agentes somente durante o ano de 2023”, destacou.
No documento, assinado por quase trinta grupos, o Capítulo afirmou que a intervenção planejada sob a cobertura da ONU não fornecerá uma solução para a crise como no passado e só contribuirá para seu agravamento.
Por esse motivo, o Capítulo solicitou uma revisão crítica da experiência das missões da ONU no Haiti.
Além disso, ele proclamou sua rejeição a uma nova intervenção militar e exigiu respeito à soberania do povo haitiano para que ele possa decidir por si mesmo sobre sua situação atual e seu futuro.
Nesse sentido, Isabel Tejeda, da Campanha Dominicana de Solidariedade com Cuba, disse à imprensa que é um povo independente (Haiti) que deve e tem o direito de resolver a crise pela qual está passando em termos de soberania, como nação e como povo.
Ela lamentou que o governo dominicano seja a favor da intervenção porque, segundo ela, isso viola a Constituição.
Entre as organizações signatárias estão a Confederação Nacional de Mulheres Rurais e Unidade Sindical, a Articulação Nacional Camponesa, os partidos Pátria para Todos, Trabalho Comunista e Frente Ampla.
Além disso, o Comitê Dominicano de Solidariedade com a Venezuela, a Associação Nacional de Enfermeiras, a Fundação Caamaño, a Força Jovem Dominicana, a Campanha Dominicana de Solidariedade com Cuba, a Fuerza de la Revolución, a Comissão Nacional de Direitos Humanos, entre muitas outras.
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