O pedido de Farias deu entrada na Procuradoria-Geral da República após o abrigo de dois dias de Bolsonaro na sede da Embaixada da Hungria em Brasília.
“A permanência na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando tirar vantagem de sua amizade com um colega líder de extrema direita, o primeiro-ministro Viktor Orbán, na tentativa de escapar do sistema de justiça brasileiro, enquanto enfrentava investigações criminais no Brasil.” , indica o parlamentar em sua representação criminal.
Alerta que a permanência do político de extrema-direita na Embaixada da Hungria “sugere uma clara tentativa de abrir caminho a uma possível fuga ou proteção estrangeira, na medida em que as investigações se aprofundem e sejam reunidos os indícios e provas capazes de justificar não só medidas cautelares (prisão), como uma futura sentença criminal”.
Farias assegura que a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, para comodidade da investigação criminal ou para garantir a aplicação do Direito Penal quando houver indícios da existência do crime e indícios suficientes de autoria e periculosidade gerada pelo Estado da liberdade do acusado.
Neste cenário, o Ministério de Relações Exteriores ligou para o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, para esclarecer a permanência de Bolsonaro em sua missão diplomática.
Tal acomodação foi revelada esta segunda-feira pelo jornal norte-americano The New York Times e chamou a atenção que o político de extrema-direita se refugiou logo após o seu passaporte ter sido confiscado.
Halmai reuniu-se com a chefe do Secretariado para a Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel.
No caso da Hungria, o Brasil queria informações claras e detalhadas sobre a visita de Bolsonaro à sua legação.
Pela segunda vez em menos de dois meses o embaixador húngaro é chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para conversações. A permanência na missão diplomática ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro, sendo que no dia 8 de março Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) a respeito da suposta tentativa de golpe de Estado, perpetrada em janeiro de 2023.
Durante a cruzada, agentes federais confiscaram o passaporte do ex-presidente no escritório do Partido Liberal.
A colunista Andréia Sadi, do portal G1, informou que a PF vai investigar as circunstâncias da visita.
O ex-governante não poderia ser detido numa embaixada estrangeira que o recebe, uma vez que estes endereços estão legalmente fora da área de atuação das autoridades locais.
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