“A índole e a escala do ataque israelense contra Gaza e as destrutivas condições de vida que desencadearam revelam uma tentativa de destruir os palestinos fisicamente como grupo”, afirma a relatora, Francesca Albanese, no relatório que apresentará amanhã ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
Israel reagiu de imediato, chamando essas conclusões de “inversão obscena da realidade”.
O documento da relatora, intitulado “Anatomia de um Genocídio”, afirma que “existem motivos razoáveis para acreditar que se alcançou o limite que indica que foram cometidos atos de genocídio contra os palestinos em Gaza”.
Francesca Albanese, especialista independente designada pelo Conselho de Direitos Humanos cujas declarações não têm caráter oficial, enumera vários desses atos, como “matar membros do grupo” designado ou impor aos mesmos, “deliberadamente, condições de vida destinadas a causar a sua destruição física total ou parcial”.
A missão diplomática de Israel em Genebra declarou que “rejeita veementemente o relatório” e considera suas conclusões “uma mera extensão da campanha que busca minar o estabelecimento do Estado judeu”.
“A guerra de Israel é contra o Hamas, e não contra os civis palestinos”, ressaltou.
Os Estados Unidos asseguraram que não havia “nenhuma razão para acreditar que Israel tenha cometido atos de genocídio em Gaza”, disse um alto funcionário à AFP sob a condição do anonimato.
Este representante expressou a “oposição de longa data ao mandato” de Albanese como relatora especial da ONU por ser “parcial contra Israel”.
A guerra teve início em 7 de outubro com uma incursão em território israelense de milicianos islamistas vindos de Gaza, que mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva que deixou até o momento ao menos 32.333 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder no território palestino.
Israel também impôs um cerco ferrenho à Faixa de Gaz que, segundo a ONU, ameaça mergulhar na fome extrema grande parte de seus 2,4 milhões de habitantes.
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