Moro adquiriu reputação nacional e internacional ao comandar, entre março de 2014 e novembro de 2018, o julgamento em primeira instância dos crimes identificados na desmantelada operação judicial Lava Jato.
Sem provas, o ex-magistrado condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2017 a nove anos e seis meses de prisão por supostos atos de corrupção.
Com suas manobras, também impediu, com a colaboração de generais e juízes, a candidatura do ex-líder sindical quando era o favorito para vencer as eleições presidenciais de 2018, vencidas pelo político de extrema direita Jair Bolsonaro.
Em seguida, renunciou ao cargo de juiz e nesse mesmo ano foi nomeado Ministro da Justiça e Segurança Pública por Bolsonaro.
Posteriormente, ele deixou o cargo, após o ex-governador afastar sem consultar o então diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, homem em quem confiava.
O julgamento, que poderá levar à invalidação do senador do partido de centro-direita União Brasileira, decorrerá em três sessões, com conclusão prevista para 8 de abril.
Os processos, que correm de forma unificada na Justiça Eleitoral, foram movidos pelos partidos Liberais e pela federação composta por outras organizações políticas: Operários, Verdes e Comunistas do Brasil. O Ministério Público Eleitoral manifestou-se favorável à cassação do mandato.
Tais acontecimentos relatados pelos partidos teriam ocorrido no período anterior às eleições de 2022, processo em que Moro foi eleito senador com mais de 1,9 milhão de votos.
As ações judiciais contra ele analisam os gastos do parlamentar em duas frentes.
Primeiramente, concorreu ao Senado Federal pela União Brasileira após abandonar a disputa pela presidência da República pelo partido Podemos.
Com base nas notas apresentadas pelos partidos, os gastos de campanha ultrapassaram o limite estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Juristas apontam que, independentemente da sentença, o caso não deve ser encerrado antes de 2025, considerando que ainda há recurso ao TSE.
Porém, caso o parlamentar seja condenado à perda do mandato, deverão ser convocadas eleições suplementares para preencher a vaga do Paraná no Senado, mas o ex-juiz poderá ser declarado inelegível por oito anos.
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