Numa reunião nesta terça-feira por videoconferência e com Honduras na linha de frente, foram ouvidas preocupações dos chefes de Estado e de Governo de que um mau precedente seria semeado na área como resultado da entrada violenta das forças de segurança equatorianas na embaixada mexicana para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas.
Todas as intervenções criticaram as ações de Quito e concordaram que, na verdade, violava a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 e as regras de asilo da Convenção de Caracas de 1954.
Para o governante boliviano Luis Arce, as “fortes declarações” contra este fato respondem ao desejo de consolidar a América Latina e o Caribe como uma zona de paz.
“A violência não tem e nunca terá justificação(…). O método e os cenários adequados para resolver as divergências são o diálogo e as instituições multilaterais criadas para o efeito”, afirmou.
Enquanto isso, a líder rotativa da Celac e presidente de Honduras, Xiomara Castro, enfatizou as implicações negativas para a aplicação do marco jurídico internacional, uma vez que viola e ignora as disposições estabelecidas para a realização do trabalho diplomático.
O presidente cubano Miguel Díaz-Canel definiu-o como um ato hostil que merece a mais categórica rejeição porque violou a integridade física e a dignidade do pessoal diplomático, ignorou o recurso do diálogo e a resolução pacífica de controvérsias e ignorou o compromisso de banir para sempre o uso da força.
Enquanto isso, o guatemalteco Bernando Arévalo censurou Quito por desrespeitar os tratados internacionais que “constituem uma pedra angular, não apenas das relações internacionais, mas da coexistência pacífica entre as nações e a humanidade”.
Para o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o que aconteceu no dia 5 de abril é inaceitável, não afeta apenas o México e disse que um pedido formal de desculpas do Equador seria um primeiro passo na direção certa.
Ao mesmo tempo, os líderes da região demonstraram a sua solidariedade com o México e também o seu firme apoio à denúncia apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU), à ação apresentada perante o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) e às demais ações empreendidas noutros fóruns multilaterais para proteger a sua soberania.
Além das declarações de apoio, a Venezuela anunciou o encerramento da sua embaixada no Equador e dos consulados em Quito e Guayaquil, bem como o regresso imediato do pessoal diplomático até que o direito internacional seja expressamente restaurado naquele país sul-americano.
Honduras decidiu convocar seu encarregado de negócios em Quito para consultas e revelou que tomará as medidas necessárias para apoiar as ações do México perante a ONU e a CIJ.
Outro ponto de consenso entre os líderes da Celac foi o apelo para respeitar as regras de asilo e conceder a Glas a passagem segura necessária para facilitar a sua transferência para o México.
O presidente hondurenho afirmou mesmo que desta forma o Equador iniciaria a normalização das relações entre os dois Estados, que foram rompidas em consequência do incidente.
Da mesma forma, consideraram oportuno formar uma comissão especial para verificar se o político recebe cuidados médicos adequados, uma vez que o seu estado de saúde é preocupante após ter sido retirado à força da embaixada mexicana.
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