O dia da votação terminou este domingo com 72 % de participação e os primeiros resultados indicaram que o Não venceu em duas questões, o que excluiria o trabalho horário e a arbitragem internacional.
Enquanto o Sim sairia vitorioso nas restantes 11 questões, a maioria relacionadas com questões de segurança.
A cereja do bolo da consulta popular foram as questões sobre trabalho por hora e arbitragem internacional. Diante da realidade que vivemos, as pessoas votaram por medo, e não por apoio à gestão de Daniel Noboa, disse o presidente da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leónidas Iza, à rádio Rádio Pichincha.
A consulta foi uma oxigenação política. O presidente não tem mais pretexto para garantir a insegurança e combater a corrupção, reiterou o líder indígena.
Por sua vez, o analista político Mauro Andino concordou que o presidente Noboa “é o grande perdedor do dia”. As joias da coroa eram os contratos por hora e os tribunais de arbitragem internacionais. As outras questões sobre segurança são questões que serão processadas maioritariamente através da Assembleia Nacional, reiterou.
Agora o Presidente ficará refém da sua própria demagogia – observou – ao gerar expectativas excessivas para reduzir a criminalidade, quando bem sabe que um fenômeno tão complexo não pode ser resolvido através de regulamentos, disse Andino.
Representantes de organizações políticas também descreveram a derrota das questões do referendo relacionadas com o trabalho por hora e a arbitragem internacional como um triunfo do povo, de acordo com resultados preliminares.
A presidente do movimento Revolução Cidadã (RC), Luisa González, afirmou que impedir este tipo de trabalho e arbitragem externa impede o Executivo nas suas intenções.
O povo pôs fim a Noboa e a um Governo que se tornou totalitário e não tomou decisões coerentes, disse o ex-candidato presidencial.
Na opinião do economista Alberto Acosta, prevaleceu a defesa da soberania nacional e dos direitos trabalhistas, e também o medo causado pela crescente insegurança, que não encontrará saída com mais repressão e populismo penal.
Os juristas consideram que a partir desse momento Noboa não terá desculpas para acabar com a insegurança, embora avisem que a implementação das propostas de consulta não terá muita utilidade se não forem adotadas medidas sociais para reduzir a desigualdade.
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