Segundo a OMS, o desenvolvimento do novo medicamento é conduzido pela organização de pesquisa sem fins lucrativos Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas e seus parceiros.
De acordo com peritos, a nova molécula – denominada LXE408 – tem o potencial de revolucionar o tratamento dessa doença profundamente negligenciada e de difícil tratamento, à medida que a região da África Oriental traça um caminho para sua eliminação.
Também conhecida como calazar, a leishmaniose visceral é o parasita mais mortal do mundo (depois da malária) e causa febre, perda de peso, aumento do baço e do fígado e, se não for tratada, a morte.
O calazar é transmitido pela picada de flebotomíneos infectados e é endêmico em 80 países, principalmente no leste da África (atualmente com o maior número de casos), no sul da Ásia e na América Latina.
Como acontece com outras doenças transmitidas por vetores, a mudança climática está mudando a epidemiologia da leishmaniose e pode levar à sua expansão para novas áreas.
Estima-se que existam de 50.000 a 90.000 novos casos por ano em todo o mundo, metade deles em crianças com menos de 15 anos de idade, enquanto um bilhão de pessoas estão em risco globalmente.
Na África, o tratamento atual para a leishmaniose visceral envolve injeções dolorosas, administradas diariamente no hospital por 17 dias, um tratamento que também pode ter efeitos colaterais raros, mas potencialmente fatais, inclusive no coração, no fígado e no pâncreas. Ao contrário, a nova molécula LXE408 que está sendo estudada na Etiópia é administrada na forma de comprimidos orais e espera-se que seja mais segura do que o tratamento atual.
“Nossa esperança é que o novo tratamento oral seja eficaz e menos tóxico e possa ser administrado aos pacientes no nível de atenção primária à saúde, perto de suas casas”, disse a Dra. Eleni Ayele, co-investigadora principal do ensaio clínico no Centro de Pesquisa e Tratamento da Leishmaniose da Universidade de Gondar.
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