Citada pelo portal Brasil de Fato, a investigação identificou deficiências no acesso, uso e apropriação da rede, mesmo com melhoria gradual entre 2017 e 2023.

Em entrevista, Graziela Castello, coordenadora de estudos setoriais do Cetic.br, explicou que 84% da população brasileira é usuária de Internet, mas que grande parte desse contingente não tem acesso de qualidade.

Existem quatro dimensões para uma conectividade bem-sucedida, observou ela.

Primeiramente, “o custo: as pessoas têm condições financeiras de adquirir os aparelhos e ter acesso a uma conexão de qualidade? Com a frequência que eles querem?”.

Castello especificou que, quando olhamos para essa combinação de dimensões, o resultado é que na realidade apenas 22% dos brasileiros têm condições satisfatórias de conectividade e 57% têm condições precárias de acesso.

O estudo mostrou que as desigualdades no campo da inclusão digital também refletem as divergências estruturais da sociedade.

As regiões Norte e Nordeste, população da zona rural, pessoas com baixa escolaridade, fora do mercado de trabalho, mulheres e cidadãos negros e pardos são aqueles que apresentam os piores indicadores de conectividade significativa, conceito utilizado na pesquisa para definir qualidade no Uso da Internet.

“Esses padrões se reproduzem, perdendo-se a oportunidade de transformar as tecnologias em uma alavanca para sobrepor essas vulnerabilidades pré-existentes”, destacou Castello.

Outras investigações revelam que o percentual de domicílios conectados à Internet no Brasil aumentou de 80 para 84% (cerca de 156 milhões de pessoas em 203 milhões de habitantes) entre 2022 e 2023.

Entre os mais ricos, a taxa de utilização da Internet é de 97% e entre os mais pobres é de 69%.

Para especialistas, a falta de educação digital é importante para o baixo uso da Internet.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo estatal Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, compartilha em seu estudo que 41,6% dos brasileiros sem acesso à rede nem sabem utilizar o serviço tecnológico.

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