No documento, divulgado esta terça-feira pela assessoria de imprensa da Santa Sé, o Sumo Pontífice expressa que “a solidão é muitas vezes a amarga companheira da vida daqueles que, como nós, são idosos e avós”. O Bispo de Roma destacou que as causas desta solidão são múltiplas e deu como exemplo que, em muitos países, especialmente nos mais pobres, os idosos estão sozinhos porque os seus filhos foram forçados a emigrar.
Referiu-se também às inúmeras situações de conflito e lamentou “quantos idosos são deixados sozinhos porque os homens, jovens e velhos, foram chamados à luta e as mulheres, especialmente as mães com filhos pequenos, deixam o país para dar segurança aos seus filhos”.
Como consequência, “nas cidades e vilas devastadas pela guerra, muitos idosos são deixados sozinhos, únicos sinais de vida em áreas onde o abandono e a morte parecem reinar”.
O Papa aludiu ao fato de em alguns países existir uma falsa crença, profundamente enraizada em algumas culturas locais, que gera hostilidade para com os idosos, acusados de recorrer à feitiçaria para tirar energia vital aos jovens e face à morte prematura , doença ou azar de um jovem, a culpa recai sobre algum velho.
Afirmou que “esta mentalidade deve ser combatida e erradicada”, pois é um daqueles preconceitos infundados que alimentam persistentes conflitos geracionais entre jovens e idosos.
Falou também da crença, difundida até nos países desenvolvidos, de que “os idosos sobrecarregam os jovens com o custo da assistência de que necessitam e, desta forma, retiram recursos ao desenvolvimento do país”.
O contraste entre gerações é um engano e “um fruto envenenado da cultura do confronto”, afirmou e qualificou como uma “manipulação inaceitável” para colocar os jovens contra os idosos, o que afeta a unidade das idades”, “ponto de referência para compreender e apreciar a vida humana em sua totalidade.
À medida que envelhecemos, à medida que as forças diminuem, a miragem do individualismo, a ilusão de não precisar de ninguém e de poder viver sem vínculos, revela-se tal como é: a pessoa descobre-se necessitada de tudo, mas agora sozinha, sem ajuda, sem ter com quem contar.
“É uma triste descoberta que muitos fazem quando já é tarde demais”, advertiu Francisco.
O Papa encorajou que neste IV Dia Mundial dedicado aos Avós e aos Idosos, não deixemos de mostrar ternura para com eles e pediu que diante da atitude egoísta que leva ao seu descarte e à solidão, “contrastemos o coração aberto e a rosto alegre de quem tem coragem de dizer: “Não vou te abandonar!”
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