Em entrevista ao jornalista franco-espanhol Ignacio Ramonet, publicada no jornal Granma, o chefe de Estado cubano afirmou que essa ofensiva é um componente da política agressiva de máxima pressão sobre a ilha, juntamente com a intenção de asfixia econômica com o endurecimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro.
Recordou que o Memorando de (Lester D.) Mallory (redigido em 6 de abril de 1960) é o ponto de referência dessa política, que busca provocar dificuldades e escassez entre a população, com o objetivo declarado de induzir uma explosão social e subverter o processo de transformação iniciado em Cuba em 1959.
Denunciou que a intensificação do cerco estadunidense, junto com seus efeitos cumulativos, tem provocado prolongados apagões, problemas de transporte, escassez, dificuldades para garantir a cesta básica, o fornecimento de alimentos, medicamentos, entre outras dificuldades que afetam significativamente a população.
Nesse contexto, disse, houve protestos em alguns lugares e com certo nível de participação, os mais massivos nos eventos de 11 de julho, embora a mídia os tenha apresentado como muito numerosos, como parte de outro componente dessa política agressiva em relação a Cuba.
Ele explicou que existe um roteiro de guerra não convencional que propõe: “primeiro, um surto social, demandas ou protestos; segundo, a montagem da repressão policial; terceiro, a montagem de prisioneiros políticos, ou seja, repressão com prisioneiros políticos entre aspas; depois, demonstrar que por causa dessas coisas há um Estado falido, e a suposta ajuda humanitária e mudança de regime”.
Afirmou que, no entanto, essas manifestações, garantidas pela Constituição, ocorreram em sua maioria em uma situação de exigência pacífica de explicações, e contaram com a presença dos líderes do Partido Comunista de Cuba, do governo e das administrações desses lugares, e sem repressão policial, ao contrário do que acontece em outros países, inclusive nos Estados Unidos.
Ele destacou que pequenos grupos se comportaram de forma violenta, o que a mídia usou para tentar distorcer a realidade, como parte da intoxicação midiática promovida por essa potência do norte contra a ilha.
O líder cubano qualificou de perverso o fato de que a primeira potência mundial, para atacar um país, recorra a um bloqueio brutal durante tantos anos e que, para derrubar a Revolução, tenha que recorrer a mentiras.
Afirmou que a única explicação possível para tais práticas é o exemplo que Cuba representa para a América Latina, o Caribe e o mundo.
No diálogo, Díaz-Canel expressou sua confiança no heroísmo do povo cubano e em sua capacidade de resistir criativamente às agressões dos EUA.
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