Milei não só criticou Sánchez sem o menor decoro diplomático, mas especialmente contra sua esposa, Begoña Gómez, a quem descreveu como corrupta.
O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, declarou esta segunda-feira que a exigência de um pedido de desculpas do presidente argentino é essencial para continuar as relações entre dois países irmãos.
Diante da insistência da pergunta dos espaços La Hora de la Uno da RTV e Espejo Público da Antena3, o diplomata evitou responder diretamente e ressaltou que as disposições pertinentes seriam adotadas dependendo da atitude de Buenos Aires.
De qualquer forma, da Casa Rosada na Argentina foi destacado que não haverá nenhum pedido de desculpas de Milei, o que prejudica muito o clima político com a Espanha.
Mesmo que tenha uma mulher corrupta, suja-se e demora cinco dias a pensar nisso, disse o chefe de Estado argentino em referência a Sánchez e Gómez, ao mesmo tempo que ataca de forma visceral a esquerda no mundo.
Albares convocou seu embaixador em Buenos Aires para consultas ‘sine die’ e convocou o chefe da missão diplomática argentina em Madri.
“Se estas desculpas não forem apresentadas, tomaremos todas as medidas que consideramos apropriadas para defender a nossa soberania e a nossa dignidade”, advertiu Albares.
A primeira vice-presidente e ministra das Finanças, María Jesús Montero, ficou indignada com o ocorrido.
“Vamos esperar que a retificação ocorra hoje, mas o descontentamento do Governo de Espanha e da sociedade tornou-se evidente e não é aceitável que um líder de outro país venha passar um fim de semana, apoiado pela direita e não apenas por Vox’ para atacar a democracia espanhola’, afirmou.
Depois de ontem terem demonstrado posições ambivalentes, duas figuras do conservador Partido Popular (PP) admitiram que as declarações de Milei não são formas adequadas relativamente a um país com o qual mantêm laços diplomáticos.
O prefeito de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, admitiu que não considera adequada a forma como o presidente argentino “tomou medidas” contra Begoña Gómez, nem que não teve ‘qualquer tipo de contato’ com Felipe VI ou com o Executivo apesar das “diferenças importantes”.
No entanto, ele jogou dardos contra o que considera
exagero do Governo ao chamar o embaixador espanhol em Buenos Aires para consultas e instar o líder argentino a pedir desculpas.
Esteban González Pons, secretário-geral adjunto do PP, expressou-se em termos semelhantes.
Milei veio a Madrid convidada pelo partido de extrema direita Vox, além de apresentar um livro. Reuniu-se com as lideranças do setor empresarial do país ibérico e participou aqui num comício dos seus parceiros da mesma cor política.
No evento Vox deste domingo, o líder argentino descreveu o socialismo como ‘amaldiçoado e cancerígeno’ e que ‘convida a morte’.
“O senhor Milei, com o seu comportamento, levou as relações entre Espanha e Argentina ao momento mais sério da nossa história recente”, sublinhou Albares.
Da Colômbia, o presidente Gustavo Petro lamentou os ataques de Milei a Sánchez, e na Argentina, ex-ministros das Relações Exteriores e figuras políticas daquele país lamentaram profundamente as ofensas lançadas pelo atual ocupante da Casa Rosada.
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