Em declarações à Rádio Pichincha, o especialista analisou a narrativa do presidente que tem gerado numerosas críticas nesta nação sul-americana, onde muitos concordam que a realidade está longe do discurso de Noboa.
O facto de mobilizar as pessoas é projetar e construir o senso comum de que ele tem capital social que o apoia, mas isso não significa necessariamente que se traduza na realidade, reiterou Andino.
De acordo com o analista, no seu discurso, o chefe do executivo continua a tentar construir a ideia de sabotagem e de inimigos políticos, apesar de não ter provas, salientou.
Por seu lado, a deputada andina Verónica Arias concordou que o Presidente Noboa apresentou o seu Relatório à Nação em 28 minutos, “mas entre os muitos pontos que se esqueceu de dizer está o facto de os estados de exceção, os raptos e a extorsão terem quintuplicado em vários sectores do Equador.
Arias referiu-se também aos quatro presidentes de câmara assassinados este ano e ao aumento do desemprego, quando cinco milhões de pessoas sobrevivem na economia informal e apenas três em cada dez têm um emprego formal, comentou na sua rede social X.
Por outro lado, não tinha nada para mostrar no sector da saúde, que está a atravessar uma crise de material e pessoal médico, sublinhou.
Enquanto Noboa fazia o seu discurso, circulavam nas redes sociais críticas ao relatório e aos dados fornecidos pelo chefe do executivo.
Neste momento alguém está a ser assassinado em Quevedo, enquanto Noboa mente no seu Relatório à Nação, este é o país que temos hoje, denunciou através da sua rede social X o deputado do RC Comps Córdova.
Como sinto falta dos relatórios à Nação, onde não havia tempo suficiente porque havia muito para relatar e um presidente cheio de números e obras, disse o economista David Villamar, na sua conta em X.
Noboa iniciou a apresentação do seu primeiro Relatório à Nação recordando que assumiu o controlo de um país em crise e que teve de tomar “medidas duras mas necessárias”.
Referiu-se também à escalada de violência que o país andino viveu em janeiro passado quando, segundo o presidente, estava a ser planeado um golpe de Estado, razão pela qual foi decidido declarar um conflito armado interno e levar a polícia e as forças armadas para as ruas.
Apesar de, no seu discurso de 30 minutos, Noboa ter afirmado que tinha trazido a paz de volta ao país, a realidade está longe de ser essa, uma vez que os massacres, os assassinatos contratados, a extorsão e outros crimes persistem, ao ponto de, na passada quarta-feira, ele próprio ter decretado um novo estado de emergência em sete províncias.
No exterior do Parlamento, onde o jovem empresário apresentou o seu discurso, foram colocadas figuras de cartão com a imagem do presidente e instalados ecrãs gigantes para que os cidadãos presentes pudessem assistir ao discurso de Noboa.
Sondagens recentes indicam que o índice de aprovação de Noboa caiu 20 pontos, depois de ter atingido 80 porcento de aprovação em janeiro passado, quando decretou uma guerra contra o crime organizado no meio de uma série de acontecimentos violentos.
A deterioração do índice de aprovação do chefe de Estado equatoriano nos últimos cinco meses é consequência de decisões importantes, como o aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de 12 para 15 porcento, uma medida que afecta o bolso de muitos, principalmente das classes média e baixa.
lam/nta/glmv