Em seu discurso especial no Dia Mundial do Meio Ambiente, Guterres qualificou o momento atual como decisivo, enquanto o financiamento climático “não é um favor”.
Em uma cerimônia no Museu de História Natural, ele pediu um confronto direto com o setor de combustíveis fósseis, que tem sido implacavelmente zeloso na obstrução do progresso há décadas.
As empresas de combustíveis fósseis “investiram bilhões de dólares para distorcer a verdade, enganar o público e semear a dúvida”, disse ele.
De acordo com dados divulgados no evento, em 2023 o setor de petróleo e gás investiu apenas 2,5% de seu capital total em energia limpa.
“Duplicar os combustíveis fósseis no século XXI é como duplicar as ferraduras e as rodas das carruagens no século XIX”, alertou o veterano diplomata, que considerou a transição energética essencial para a sobrevivência do planeta.
Dados da Organização Meteorológica Mundial estimam que maio de 2024 foi o maio mais quente já registrado, marcando doze meses consecutivos de quebra de recorde na história.
“No último ano, cada virada do calendário fez a temperatura subir; nosso planeta está tentando nos dizer algo. Mas parece que não estamos ouvindo”, disse o chefe da ONU.
Nesse contexto, as desigualdades se tornam mais evidentes, segundo o próprio Guterres.
Enquanto o 1% mais rico emite tanto quanto dois terços da humanidade, o impacto das mudanças climáticas afeta mais os pobres, os povos indígenas ou as mulheres e meninas.
Os eventos extremos turbinados pelo caos climático estão se acumulando: destruindo vidas, afetando as economias e a saúde; destruindo o desenvolvimento sustentável; forçando as pessoas a deixarem suas casas; e abalando as bases da paz e da segurança.
Os riscos existem, mas as soluções também, acrescentou o diplomata, considerando que este é o momento de passar para o lado certo da história.
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