Por Fausto Triana
Embora tardia, a Santa Sé emitiu um comunicado em que ‘deplorou a ofensa’ causada aos cristãos na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, somando-se à enxurrada de críticas centradas no segmento da Festa idealizado pelo diretor artístico do evento, Tomás Jolly.
A agora infame cena supostamente evocava a pintura “A Última Ceia” de Jesus Cristo baseada na renomada obra de Leonardo da Vinci. A presença de drag queens e de um cantor nu cobrindo o corpo com tinta escandalizou alguns setores da opinião pública.
“Num evento de prestígio em que o mundo inteiro se reúne para partilhar valores comuns, não deveria haver alusões ridículas à religião”, afirmou o Vaticano em referência à cerimônia de 26 de julho, na qual estava a figura da comunidade LGBTQ+ rodeada por artistas drag e dançarinos.
Da Conferência Episcopal da França a políticos como o ex-presidente e novo candidato à Casa Branca, Donald Trump, tomaram uma posição dura contra aquela cena, sobre a qual Jolly insistiu que não foi inspirada em ‘A Última Ceia’, mas na celebração da diversidade e na homenagem aos banquetes e à gastronomia francesa.
Houve desculpas oficiais e até total endosso do presidente francês, Emmanuel Macron, e de outras personalidades da sociedade nacional, mas o questionamento sobre o ocorrido não deu trégua.
O texto de Roma do Vaticano devolveu destaque a uma passagem que ataca o brilho da abertura de Paris 2024, de uma originalidade e emoção sem precedentes na história, especialmente por ser a primeira a ser realizada fora de um estádio, no Sena e com a graça da Cidade das Luzes.
A consistência dos cardápios dos atletas da Vila Olímpica, os cromossomos XY e seus limites já haviam somado algumas críticas à organização das feiras quadrienais, que, no entanto, são realizadas com muita segurança e sistema de transporte impecável.
A denúncia sobre a instabilidade alimentar no fornecimento de ovos e carne na Vila Olímpica encontrou uma resposta pouco convincente: os atletas consomem mais do que o calculado e estão a ser feitos esforços para garantir que esta situação não se repita.
Uma questão espinhosa em Paris 2024, que em última análise parece ter poucos progressos, refere-se ao torneio de boxe feminino, com a argelina Imane Khelif. Em 2023 ela foi desclassificada pela International Boxing Association (IBA) por violar as regras de elegibilidade.
De acordo com essas regras, atletas com cromossomos XY não podem participar de provas femininas. Mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) anulou a medida, além de assumir os rumos do boxe ao sancionar a IBA por suposta má gestão financeira e organizacional.
Embora ainda não tenham surgido escândalos envolvendo suposto doping, fantasmas relacionados aos altos níveis de testosterona que impediriam aqueles que os têm de competir entre mulheres pairam sobre os Jogos.
Ao contrário das afirmações que circulam nas redes sociais, a argelina não é uma atleta trans e cumpre todos os requisitos de elegibilidade para o boxe feminino, segundo o COI, embora a defenestrada IBA insista que “foi comprovado que ela tinha cromossomos XY” (do gênero masculino).
mem/ft/md/hb