A decisão acompanhou o parecer do relator do caso, deputado Jack Rocha, que argumentou que Brazão cometeu atos incompatíveis com o decoro parlamentar, justificando a perda do mandato.
A defesa do acusado deve recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça e, em seguida, o caso irá ao plenário da Câmara dos Deputados para que a recomendação do Conselho de Ética seja confirmada.
Para isso, será necessário o apoio de pelo menos 257 dos 513 deputados.
“O assassinato de Marielle Franco, ocorrido em 14 de março de 2018, representou não apenas um ato de brutalidade, mas um exemplo devastador de violência política baseada em gênero”, disse Rocha.
Ele disse que “Marielle Franco, mulher negra, ativista de direitos humanos e vereadora do Rio de Janeiro, foi executada em um crime inócuo que arruinou o país e o mundo”.
Além da deputada, seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil daquela divisão territorial, também negaram qualquer envolvimento no crime.
O processo de cassação no Conselho de Ética segue uma série de etapas estruturadas para garantir a investigação e o julgamento adequados dos parlamentares acusados de irregularidades.
Apontados como autores do assassinato, os irmãos Brazão foram presos no final de março, em uma operação da Polícia Federal, com a participação da Procuradoria Geral da República e do Ministério Público da chamada Cidade Maravilhosa.
Treze tiros de uma submetralhadora HK MP5 de alta precisão, usada apenas por forças policiais de elite, atingiram o veículo em que Franco e o motorista Anderson Gomes viajavam na noite de 14 de março de 2018, no Rio.
A ativista de direitos humanos estava voltando para casa depois de participar de um debate com jovens mulheres negras quando seu carro foi alvejado: ela levou um tiro na cabeça e o motorista, nas costas.
O ex-policial Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora, disse ontem por videoconferência no Supremo Tribunal Federal que matou a psicóloga de profissão pela possibilidade de ficar rico.
De acordo com o assassino, ele concordou em cometer o crime pela promessa de permissão para explorar terras na zona oeste do Rio, o que, segundo ele, poderia lhe render 25 milhões de reais (cerca de cinco milhões de dólares).
O motivo do assassinato pode ter sido um confronto entre Franco e Chiquinho Brazão sobre um projeto de lei para regularizar terras dominadas pela milícia.
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