Considerado um setor econômico importante, pois tem impacto nos preços das ações de algumas empresas, no turismo e na venda de vários produtos, o setor de k-pop já há algum tempo se tornou muito mais do que um cartão de visitas da cultura sul-coreana.
A crescente onda de seguidores nos mais diversos cantos do mundo não só fez com que prêmios como o American Music Awards (AMA) e o MTV Video Music Awards criassem categorias específicas para artistas do gênero, mas o impacto dos chamados “ídolos” também chegou à moda e ao mundo da tecnologia.
O relacionamento desses artistas com seus fãs é uma fonte potencial de renda que todos tentam aproveitar ao máximo, pois os fãs consomem de tudo, desde alimentos e roupas que essas celebridades usam ou recomendam, até programas de TV, jogos e aplicativos vinculados a elas.
No entanto, por trás do brilho do palco e das mensagens positivas que esses grupos e solistas geralmente transmitem, a instrumentalização desses grupos e solistas pelas empresas e pelo público às vezes expõe uma face da cultura sul-coreana que não é agradável de se ver.
O bullying contra aqueles que não atendem aos padrões de beleza, os horários exaustivos de treinos e de trabalho, as dietas radicais para atingir a perfeição visual, de canto e de dança e até mesmo a invasão de privacidade são uma parte quase inseparável do setor de entretenimento coreano.
Os fãs que exigem que seus artistas não tenham parceiros, achando que o apoio que dão e o dinheiro que pagam por mercadorias lhes dá esse direito, e os meios de comunicação à procura de qualquer deslize – amoroso ou não – juntam-se ao combo, cuja pressão muitas vezes se torna insuportável.
Os suicídios no ano passado do cantor Moon Bin (25) e do ator Lee Sun-kyun (48), este último membro do elenco do filme vencedor do Oscar Parasitas, são um triste lembrete das possíveis consequências.
Em outra direção, mas igualmente prejudicial, temos o exemplo do rompimento da líder do grupo feminino Aespa, Karina, com o ator Lee Jae-wook, em abril deste ano, devido à onda de ódio a que foi submetida, mesmo depois de pedir desculpas aos fãs por ter tido um caso.
Recentemente, Min Yoongi (Suga), do conhecido grupo BTS, ganhou as manchetes quando caiu de sua scooter elétrica na entrada de sua casa enquanto voltava de um jantar onde havia ingerido álcool – embora não tenha causado nenhum dano – e foi perseguido pela mídia, que espalhou informações falsas e transformou o que deveria ter sido um cancelamento de licença e uma multa em uma investigação de interesse do Ministério Público.
Outros argumentam que não é uma concorrência justa para o restante dos artistas, mas para alguns pode ser a tábua de salvação, o trunfo que pode dar aos seus favoritos espaço para uma vida normal.
glmv
