Nesse caso está o México, que serviu de companheiro aos diálogos entre o Governo e as extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército Popular (FARC-EP) até à assinatura do Acordo de 2016, e depois tornou-se garante das conversações com o Exército de Libertação Nacional.
Na opinião da embaixadora mexicana na Colômbia, Martha Patricia Ruíz, é justo homenagear aqueles que optaram pela convivência pacífica e abandonaram o caminho da violência cumprindo a sua palavra.
Em diálogo com a Prensa Latina, declarou que durante este ano foram realizados nove encontros com ex-guerrilheiros, aos quais foi reconhecido a sua vontade de permanecer no caminho da construção da paz.
Um desses eventos aconteceu em Bogotá e reuniu ex-integrantes das FARC-EP e também do Movimento 19 de Abril, conhecido como M-19, cujos integrantes entregaram suas armas definitivamente em 1990.
As demais reuniões realizadas, de caráter territorial, foram realizadas nos departamentos de Cesar, Tolima, Bucaramanga, Caquetá, Valle del Cauca, Casanare, Antioquia e em Cundinamarca, especialmente com a participação de quem pertencia às fileiras das FARC- EP.
Segundo Ruíz, as reuniões visam reconhecer os signatários da paz que permanecem firmes na sua determinação, combater a estigmatização que ainda pesa sobre muitos deles e encorajar os restantes grupos armados a procurarem uma solução pacífica para as suas diferenças com o Governo.
Na opinião da diplomata, a paz não se consegue apenas com a entrega das armas, mas para que ela se consolide é preciso que haja justiça e possibilidades de participação dos ex-guerrilheiros porque, como enfatizou, eles lutaram por motivações políticas e pelo desejo de transformar Colômbia.
Além disso, insistiu, os assassinatos e ameaças a ex-guerrilheiros constituem um motivo de preocupação, o que ameaça a preservação da sua vontade de se manterem longe da violência.
Neste ponto, destacou que o México, na sua qualidade de companheiro do processo, está envolvido para apoiar aqueles que mantêm a sua vontade de reintegração na sociedade.
Salientou também que a maioria deles cumpre o que foi acordado no Acordo de Paz, apesar dos reveses que este processo sofreu na gestão anterior.
“Estamos fazendo o reconhecimento em conjunto com a Universidade Autônoma de Guerrero, uma casa de ensino superior no sul da nação asteca, e este centro está ajudando os ex-guerrilheiros a continuarem seus estudos para que tenham ferramentas de reintegração”, revelou Ruiz.
Isto, acrescentou o embaixador, está a gerar uma expectativa importante porque precisam de formação nas suas profissões para terem um emprego e, graças às bolsas concedidas, com as quais podem ir ao México ou estudar à distância, estão a ter a oportunidade de possibilidade de superar
Até à data entregamos cerca de 300 diplomas por evento, a cerca de 13 mil desmobilizados, e convocamos também os familiares daqueles que assinaram a paz mas que já faleceram, a reconhecê-los in memoriam, afirmou.
A diplomata disse que uma das suas aspirações é que mais nações adiram a iniciativas deste tipo e garantam mais apoio internacional porque são necessários outros apoios, além do apoio económico que alguns países fornecem, como sublinhou.
Com as ações desenvolvidas, sublinhou, o México quer dar um impulso ao Acordo de 2016 e que o Estado colombiano sinta que a nação asteca apoia e contribui.
“Continuaremos fazendo tudo o que acreditamos que possa contribuir para a paz, desta ou de outra forma”, disse Ruiz.
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