“Daniel Noboa mente novamente quando diz que só dependemos da água”, disse Correa através de sua rede social X.
O ex-presidente lembrou que sempre houve energia térmica de reserva, “mas deixaram destruir o parque termoelétrico”, disse.
Correa reiterou que, se diante da já conhecida época de seca tivessem feito a coisa certa desde o início, “não teríamos crise”.
Não é possível ter segurança energética sem backups, enfatizou Correa.
Neste sentido, o cientista político Darío Dávalos concordou que seria bom estudar a informação técnica que sustenta os últimos anúncios do Executivo.
Para Dávalos, a próxima diminuição dos apagões no país deverá basear-se em pelo menos três reforços técnicos.
O especialista mencionou as chuvas torrenciais no Sul para a recuperação imediata das hidrelétricas, a instalação de mais geração térmica e a Colômbia voltar a vender eletricidade ao Equador.
“Tenho dúvidas quanto ao primeiro. Veremos o segundo entre novembro e dezembro deste ano, como as próprias autoridades indicaram. E quanto ao terceiro, não se sabe se os colombianos mudaram de ideia”, disse Dávalos.
Por sua vez, o analista político Mauro Andino descreveu o discurso de Noboa como “natação de um náufrago”. Ele culpa o passado, as hidrelétricas, a falta de chuvas, as mudanças climáticas, a ausência de energia alternativa, mencionou. Andino lembrou que no debate presidencial Noboa disse que resolveria os apagões em nove meses e que se tratava de uma questão de “transmissão, não de geração”.
Ele fez da mentira sua estratégia de campanha e a manteve como forma de governo, concluiu.
“Um governo que também não tomou precauções para evitar o desastre energético em que estamos, uma seca terrível que já estava prevista. Não, nada mais convence”, denunciou também o usuário identificado como SoleZH.
Na noite desta quinta-feira, o presidente dirigiu-se aos equatorianos em vídeo publicado em suas redes sociais, acompanhado das ministras Inés Manzano, de Energia e Minas; e Sonsele García, da pasta de Produção.
No seu discurso, Noboa garantiu que o racionamento de energia no território nacional continuará dividido em dois blocos, mas diminuirá gradativamente para as áreas residenciais.
Da mesma forma, revelou que o Governo decidiu adiantar para Novembro a medida de subsídio às contas de consumo de electricidade até 180 quilowatts (Kw).
“O Estado vai subsidiar os primeiros 180 kW de consumo em áreas residenciais em todo o país”, disse.
Entretanto, o ministro Manzano justificou a crise atual colocando ênfase no fato do país depender das hidroelétricas e hoje, devido ao impacto da seca e das alterações climáticas, o colapso era inevitável.
Ressaltou que o Executivo realiza ações para diversificar a matriz energética com projetos solares, eólicos e geotérmicos, entre outros.
O Equador enfrenta a seca mais severa das últimas seis décadas, bem como a falta de investimentos no setor, o que fez com que os cortes de energia fossem mais longos a partir de 23 de setembro.
A falta de energia elétrica complica as atividades quotidianas, de trabalho e produtivas do país, cujo setor empresarial estimou em 12 milhões de dólares o prejuízo por cada hora de corte.
Ao mesmo tempo, a rejeição ao Presidente Noboa pela sua gestão da crise energética está crescendo, inclusive ontem houve protestos estudantis na cidade de Cuenca, no sul do país. mem/nta/jb