No passado distante, o aumento dos fluxos de água doce provenientes do derretimento do gelo marinho do Ártico para os mares nórdicos provavelmente afetou significativamente a circulação oceânica, fazendo com que as temperaturas despencassem no norte da Europa, destaca o artigo.
A nossa descoberta de que o aumento do derretimento do gelo marinho do Ártico provavelmente resultou num arrefecimento significativo no norte da Europa no passado da Terra é alarmante, diz Mohamed Ezat do Centro de Investigação Polar iC3, principal autor do estudo.
Isto lembra-nos que o clima do planeta é um equilíbrio delicado, facilmente alterado por mudanças de temperatura e cobertura de gelo, aponta o texto, especificando que condições de verão sem gelo no Oceano deverão ocorrer a partir do ano 2050 no Ártico.
Os mares nórdicos, localizados entre a Gronelândia e a Noruega, são uma área chave para o transporte oceânico de calor e influenciam os padrões climáticos muito para além dos seus limites geográficos, destaca.
Durante a primeira parte do Último Interglacial, há mais de 100 mil anos, as temperaturas globais eram mais altas do que hoje, os volumes de gelo eram menores e os níveis do mar eram significativamente mais elevados.
A equipa de investigação de Mohammed Ezat relacionou agora o aquecimento do clima e o aumento do derretimento do gelo marinho do Ártico durante esse período às mudanças na temperatura regional da superfície do mar e na circulação oceânica.
À medida que o gelo marinho derreteu, alterou a salinidade e a densidade da água e interrompeu o fluxo normal das correntes, causando mudanças nos padrões de circulação e distribuição de calor no oceano.
Ele explica que é fundamental compreender a dinâmica do último período interglacial. Os períodos quentes anteriores na história da Terra sublinham a importância dos mecanismos de feedback no sistema climático.
À medida que o Ártico continua a aquecer e o gelo marinho diminui, podem ocorrer mais alterações nas correntes oceânicas e nos padrões climáticos.
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