Mais de uma dúzia de obras de pequeno, médio e grande formato preenchem o amplo espaço, nesta que representa a segunda exposição individual da artista na capital cubana.
Composta principalmente por retratos, essa coleção reflete a evolução contínua do delicado pincel da pintora, que, de acordo com especialistas, mostra um evidente controle da aquarela.
Suas obras oferecem uma perspectiva renovada sobre a figura negra, desafiando a abordagem tradicionalmente atribuída a esse tema nas artes visuais cubanas.
No catálogo da exposição, o curador Jorge Peré destaca que, com essa série, “Gabriela reivindica a negritude por meio de uma poesia que, sem ignorar a dor, evita transformá-la no eixo central do discurso”.
Os retratos transmitem uma variedade de emoções: sorrisos, romance, galanteria e ternura. A maior obra, “Lectura en un día de verano” (Leitura em um dia de verão), mostra uma protagonista cercada por uma natureza exuberante e detalhada, enquanto lê os Cuentos Negros de Cuba (Contos Negros de Cuba), compilados por Lydia Cabrera.
Para Peré, “o desenvolvimento e a evolução de Gabriela Pez constituem um dos processos mais coerentes, orgânicos e singulares da geração emergente de artistas cubanos que floresceu nos últimos cinco anos”.
A pintora compartilhou com a Prensa Latina sua experiência na preparação dessa exposição: “Um projeto pessoal é sempre um desafio. É um ato de grande vulnerabilidade tirar as obras do estúdio e confrontá-las com o espectador. Esta exposição levou quase um ano de trabalho, realizado com muito amor e dedicação”.
Gabriela também expressou seu entusiasmo em começar o novo ano com essa exposição: “Um ciclo se fecha e outro se abre”.
“Portrait in the Sunny Garden” permanecerá aberta ao público no Taller Gorría até 31 de janeiro.
Autodidata, Gabriela Pez tem se destacado principalmente em aquarela e desenho, embora também tenha explorado outras linguagens artísticas, como a fotografia analógica.
Seu trabalho, muitas vezes autorreferencial, inclui representações frequentes da natureza. Além disso, a artista desenvolveu um método de fabricação de papel usando fibras vegetais, como algodão cru ou seda de ceiba.
Em 2023, a pintora foi a primeira vencedora do programa de residência artística para artistas cubanos, organizado pela Fundação Bernard Grau-Académie des beaux-arts, em colaboração com a Cité internationale des arts em Paris, na França.
jcm/mml/jb