Por Mariela Pérez Valenzuela
Correspondente-chefe na República Dominicana
É comum a presença desses grandes cetáceos que chegam para se reproduzir em Samaná, de janeiro a março deste ano, após percorrerem milhares de quilômetros.
As baleias jubarte realizam rituais de acasalamento espetaculares nas águas quentes do Mar do Caribe.
Os recém-nascidos, apegados às mães, só saem do local quando têm forças para se defender dos predadores que rondam os ambientes deste país.
A temporada de chegada desses mamíferos começou no dia 15 de janeiro e até saírem da província de Samaná proporcionarão um dos espetáculos naturais mais esperados.
Os especialistas consideram que, pela sua localização, a península homónima é um dos melhores locais do planeta para a observação das baleias jubarte, um dos maiores mamíferos marinhos do planeta; Leva esse nome devido à curvatura que sua coluna adota quando submersa na água.
Segundo especialistas, um exemplar mede entre 14 e 16 metros, com peso que varia entre 30 e 40 toneladas.
Suas nadadeiras peitorais, em formato de asas, atingem comprimento de até cinco metros, enquanto sua cabeça é bastante alongada e a cor do corpo é variável no ventre, indo do branco ao preto, mas em todos os exemplares o dorso é preto.
Os machos desta espécie são conhecidos pelo canto característico que utilizam para se comunicar e durante o acasalamento, que pode ser ouvido sem dificuldade por quem fica horas nas margens da baía apenas para desfrutar de sua presença, de suas acrobacias e de suas brincadeiras. Na lista de curiosidades está que as fêmeas são maiores que os machos. Enquanto os primeiros costumam medir entre 12 e 14 metros, com máximas de até 15,5, os últimos ficam na faixa entre 11 e 13 metros.
Chama a atenção também o fato de o leite produzido pelas fêmeas ser rosado e os pequenos filhotes consumirem até 50 litros desse líquido por dia, o equivalente a 800 mamadeiras de leite para crianças.
Essa espécie vive em pequenos grupos temporários – como os que chegam a Samaná – que costumam se aproximar dos espectadores quando saltam sobre a superfície do mar. Depois de se afastarem do litoral, partem com os filhotes aos pares e às vezes até com os machos sozinhos.
Estimativas do Ministério Dominicano de Meio Ambiente e Recursos Naturais estimam que no ano passado pelo menos 252 desses mamíferos foram identificados e nos últimos quatro anos, dizem, Samaná recebeu mais de 8.800 desses enormes exemplares.
TURISMO E BALEIAS JUBARTE
A chegada das baleias jubarte é um dos principais atrativos da Baía de Samaná , que faz parte do Santuário de Mamíferos Marinhos da República Dominicana, criado com o objetivo de proteger essas espécies.
Nesta área marinha, declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO, está o Parque Nacional Los Haitises, muito popular entre as atrações turísticas dominicanas por suas cavernas com pictogramas e pinturas rupestres de origem Taíno, e diversidade de aves, manguezais, ilhas e ilhotas.
O Vice-Ministério de Áreas Protegidas e Biodiversidade informou recentemente que espera ultrapassar 61.500 visitantes nesta temporada, muitos deles já em Samaná para observar o espetáculo oferecido pelas baleias e seus filhos recém-nascidos naquelas águas.
De acordo com as reservas efetuadas, cerca de 40.557 turistas estrangeiros chegaram ao local em 2024, 66,1% do total de visitantes.
Para a República Dominicana, que no ano passado recebeu mais de 10 milhões de turistas, a Baía de Samaná constitui um local privilegiado para o acolhimento de quem prefere desfrutar da natureza e, principalmente, da conservação ambiental e da preservação da vida marinha.
O governo dominicano estabeleceu, por decreto presidencial de 2024, a ampliação em 30% da proteção do seu espaço marítimo e a criação do Santuário, um local especial para a proteção e estudo das baleias em fase reprodutiva.
A República Dominicana sempre se opôs à caça comercial destes mamíferos, posição reafirmada pelo Vice-Ministro dos Recursos Costeiros e Marinhos, José Ramón Reyes, na sexagésima nona reunião bienal da Comissão Baleeira Internacional, realizada no Peru.
Reyes destacou que os países que votaram a favor confiaram no fato de que esses cetáceos podem servir de alimento, mas essa não é a visão da República Dominicana, já que o país, explicou, possui vários santuários marinhos que são um exemplo para as nações da região.
A visão do governo é que estes mamíferos desempenhem um papel essencial, como espécie, no equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
A sua presença em Samaná, onde estão protegidos, também tem um impacto favorável na dinamização das economias locais que atendem aos milhares de visitantes todo início de ano.
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