“O Brasil foi convidado a fazer parte da carta de cooperação. O que fizemos hoje foi discutir exatamente a entrada do Brasil em três organizações internacionais. Autorizamos o início do processo de adesão à AIA, que está aprovado”, revelou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Após a reunião do Conselho Nacional de Política Energética, Silveira disse que “ele é apenas uma carta e um fórum para discussão de estratégias dos países produtores de petróleo. Não devemos nos envergonhar do fato de sermos produtores de petróleo”, disse ele.
Questionado sobre a preocupação que surgiu entre os ambientalistas com relação à decisão do governo de aderir à OPEP+, o ministro respondeu que se considera um deles e que “eles têm todo o meu respeito”.
A esse respeito, Camila Jardim, representante do Greenpeace Brasil, considerou que, com essa adesão, o país está enviando “o sinal errado para o resto do mundo”, especialmente no ano em que sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, em Belém, capital do estado do Pará. “Em meio a outra onda de calor brutal e sucessivos recordes de temperaturas altas no ano passado, o Brasil está indo na contramão ao tentar se juntar a um grupo que funciona como um cartel de petróleo, trabalhando para sustentar os preços”, disse ele.
De acordo com Jardim, esse passo em falso “coloca em risco o papel de liderança climática do Brasil e, no mundo de hoje, essa é uma liderança de que precisamos muito”.
Pablo Nava, especialista em transição energética do Greenpeace Brasil, argumenta que o mundo precisa de “novas estratégias” e não voltar os olhos para os “velhos padrões” de exploração do petróleo.
Ele argumentou que o gigante sul-americano “não precisa se unir à OPEP+ para ter sucesso em sua política internacional”.
Em vez disso, acrescentou, “poderia aprofundar suas relações com alguns desses países em outros fóruns multilaterais para ampliar os diferentes caminhos e modelos de transição energética e economia de baixo carbono, alinhados com os compromissos do Acordo de Paris”.
Fundada em 1960, a OPEP reúne atualmente 13 dos principais países fornecedores de petróleo do mundo, incluindo Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
Com o símbolo de adição, o acrônimo OPEC+ também inclui as chamadas nações aliadas que não são membros da organização em si, mas atuam em conjunto em algumas políticas internacionais relacionadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros.
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