Quarta-feira, Abril 02, 2025
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Os presidentes da França e da Argélia retomam a cooperação após crise

Paris, 31 mar (Prensa Latina) Os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, falaram hoje por telefone para encerrar meses de crise bilateral e retomar a cooperação nas áreas de segurança e migração.

Em comunicado, os dirigentes manifestaram a vontade de renovar o compromisso com a aproximação iniciada em agosto de 2022, quando o Presidente francês visitou Argel, capital onde traçaram um roteiro para relançar laços manchados pelo passado, em particular pela colonização francesa e pela sangrenta guerra de independência.

Acordaram igualmente em sublinhar a importância de um diálogo igualitário, baseado nos fortes laços humanos entre os dois países e face aos interesses estratégicos e de segurança das partes e aos desafios prevalecentes na Europa, no Mediterrâneo e em África.

O documento resultante da conversa telefônica Macron-Tebboune inclui ainda o objetivo de manter uma relação ambiciosa entre as duas nações, respeitando os interesses de cada uma delas.

Paris e Argel viveram meses de confrontos diplomáticos e acusações mútuas, com questões subjacentes como a migração e a decisão da França de reconhecer a soberania de Marrocos no Sahara Ocidental, cuja independência o país do Norte de África apoia.

A relação também foi tensa pela prisão na Argélia do escritor Boualem Sansal, condenado na semana passada a cinco anos de prisão por minar a segurança do Estado, e a recusa em aceitar a deportação de influenciadores argelinos acusados de promover a violência em solo francês.

Macron pediu a Tebboune um gesto de clemência e humanidade para com Sansal.

Altos funcionários do governo francês na ala direita da política, como o ministro do Interior, Bruno Retailleau, defenderam uma mão forte, e Paris chegou a adotar sanções contra algumas autoridades argelinas, consistindo em restringir seus movimentos e acesso ao território francês, uma medida de pressão condenada por Argel.

Juntamente com o acordo para fortalecer a cooperação em segurança, focada na luta contra o terrorismo e o tráfico de pessoas, os líderes evocaram a possibilidade de uma próxima reunião.

Na esteira da crise bilateral, Tebboune adiou sua visita à França, embora o comunicado não ofereça detalhes sobre a data ou o local da eventual reunião presidencial.

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