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Macri no foco por grave denúncia da Bolívia

Macri no foco por grave denúncia da Bolívia

Buenos Aires, 9 jul (Prensa Latina) Enquanto passa férias na Espanha e reforçava as críticas ao presidente Alberto Fernández, o ex-presidente argentino Mauricio Macri está hoje no foco por causa de uma grave denúncia do governo boliviano.

Um escândalo internacional que coloca seu país no centro das atenções por mais um episódio sob sua gestão veio à tona nas últimas horas e se regou com pólvora: a cumplicidade, com material bélico de seu governo no golpe contra Evo Morales, em 2019.

O Macri, que até poucos dias atrás indicava em uma carta que era um perseguido político e acusava o atual Executivo de buscar vingança via um processo no qual sua empresa familiar, Correo Argentino, tem uma dívida milionária com o Estado há 20 anos, volta a dar esclarecimento por outro episódio infeliz.

Se para muitos era demais endividar o país até os ossos com o Fundo Monetário Internacional, com o acréscimo de múltiplos capítulos como as denúncias de espionagem a uma grande variedade de personalidades pelos serviços de inteligência, sua contribuição com material bélico enviado para Bolívia é a gota d´agua, dizem especialistas.

Uma carta expôs a parceria de seu governo com os conspiradores do golpe. A denúncia surgiu após uma correspondência do comandante geral da Força Aérea Boliviana, Jorge Gonzalo Terceros Lara, enviada ao ex-embaixador argentino Normando Álvarez García.

A carta, divulgada pelo Executivo boliviano, destaca como o governo macrista forneceu equipamentos e materiais para reprimir os protestos sociais que se seguiram ao governo de fato de Jeanine Añez.

O documento detalha vários materiais de agentes químicos, como spray de gás lacrimogênio e bombas de gás, além de 40.000 cartuchos AT 12/70.

Após a denúncia em entrevista coletiva, o chanceler boliviano, Rogelio Mayta, disse ao canal argentino C5N que ainda restam muitas dúvidas e por respeito às mortes que essas manifestações deixaram, será necessário esclarecer o ocorrido.

‘Nessas situações de graves violações dos direitos humanos, a verdade é decisiva’, disse ele.

Mayta lembrou que Evo Morales deixou o governo em 10 de novembro de 2019. Esse material de guerra, acrescentou, chegou para consolidar pela força o governo de fato de Añez.

A resposta do presidente Alberto Fernández foi imediata. O presidente, que foi protagonista ao tirar Morales com vida da Bolívia, refugiado político na Argentina até o triunfo de Luis Arce, pediu desculpas a esse povo e expressou dor e vergonha.

O chefe de Estado destacou que esses eventos estão sendo analisados por um grupo interdisciplinar de especialistas independentes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

‘Guardo para a tranquilidade da minha da consciência, ter feito o que estava ao meu alcance para preservar a vida de Evo Morales, Álvaro García Linera e de muitos outros irmãos bolivianos assassinados pelos golpistas. Nossas democracias estão fortes. Temos que continuar trabalhando juntos para consolidá-las ‘, disse ele em sua carta.

Por sua vez, o presidente Luis Arce repudiou o apoio de Macri ao golpe e ratificou os laços de fraternidade com o povo argentino.

‘Reconhecemos a solidariedade do irmão Presidente Fernández, assim como seu compromisso com a memória, a verdade e a justiça’, disse ele em mensagem no Twitter.

A notícia gerou espanto por tocar em um ponto sensível para os argentinos, que durante vários anos foram vítimas de golpes de estado que levaram a sangrentas ditaduras.

O Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, destacou que esta ação merece condenação por crimes de lesa humanidade e parabenizou Fernández por pedir desculpas aos bolivianos em nome de todos.

Enquanto isso, o chanceler Felipe Solá disse ‘um mês antes de deixar o governo, o ex-presidente Macri enviou às Forças Armadas da Bolívia o material necessário para reprimir os partidários de Morales. Evo foi forçado a renunciar’.

Outro que se somou às vozes de repúdio foi o senador Jorge Taiana, que também pediu desculpas à Bolívia em nome dos argentinos.

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