Simultaneamente, fizeram o mesmo os homens e mulheres que se preparavam para assaltar o Quartel ‘Carlos Manuel de Céspedes’, em Bayamo, e o hospital e palácio dos tribunais da capital provincial.
Pouco mais de cem revolucionários ardendo de impaciência e coragem. A maioria eram jovens do Partido Ortodoxo que abraçaram a luta armada contra uma ditadura. À frente deles estava um advogado e ex-candidato a deputado em eleições parlamentares frustradas: Fidel Alejandro Castro Ruz, 27, filho do proprietário de terras Angel Castro Argiz, um imigrante galego.
O objetivo perseguido era convocar uma insurreição popular para derrubar a ditadura do ex-sargento – general autoproclamado- Fulgencio Batista.
O objetivo não foi alcançado. A rebelião armada significou uma derrota militar sangrenta para os revolucionários.
O punhado de sobreviventes, entre eles Fidel Castro – que no julgamento que os condenou à prisão fez sua defesa com um discurso massivo conhecido como ‘A história me absolverá’ – continuou a luta na prisão, no exílio e na guerrilha, até a vitória de janeiro de 1959.
Mais de meio século de triunfos, erros e desventuras da Revolução Cubana se passaram, implacavelmente sitiada pelo império ianque. O calendário de ataques a Cuba registra tudo o que o cérebro doente de ódio de um Calígula pode imaginar.
A invasão mercenária de Playa Girón em 1961, as tentativas de assassinar Fidel -do rifle com mira telescópica ao veneno escondido em um charuto, a formação e apetrechamento de gangues no Escambray, a introdução de doenças contagiosas no país, a destruição com elementos químicos de canaviais e plantações.
Além disso, a sabotagem de instalações industriais, a explosão do navio ‘La Coubre’ no porto de Havana, espionagem aérea e eletrônica, o financiamento de conspirações e – para resumir tanta iniqüidade: o bloqueio, a mais cruel e desumana ação contra um povo que conhece a história.
O bloqueio ianque tenta estrangular um povo inteiro por causa da fome, das carências e das doenças. A história não registra crime mais hediondo do que o que os Estados Unidos vêm cometendo contra Cuba.
Nunca uma nação foi – como é o caso de Cuba – pressionada ao extremo pelo maior poderio militar e econômico do mundo a ponto de tentar forçá-la a se ajoelhar em sua dignidade e abdicar de sua independência e soberania.
Mas foi a dignidade de Cuba, recuperada pelo processo iniciado naquela manhã de 1953 na fazenda Siboney, em Santiago de Cuba, que resistiu a todos os golpes da máfia dos Estados Unidos.
Quando a história desse período histórico for escrita, a responsabilidade criminal dos Estados Unidos sem dúvida envergonhará os cidadãos americanos, como já está começando a acontecer.
Os cidadãos decentes e informados dos Estados Unidos estão do lado do David do Caribe, que desafia a Casa Branca e o Pentágono.
Na América Latina devemos traçar laços de unidade com a solidariedade que Cuba desperta nos Estados Unidos, Europa e África.
Acima de tudo, nós, latino-americanos, irmãos de Cuba, temos o dever de abraçar a ilha com o carinho, a admiração e a solidariedade ativa que ela conquistou com sua coragem antiimperialista.
No momento difícil atual – talvez o mais amargo de sua história – Cuba precisa dessa solidariedade para ajudar a fortalecer suas reservas morais e políticas, corrigir – como está fazendo – seus erros e inadequações e mais uma vez opor a unidade de seu povo às ameaças do império.
* O autor é colaborador da Prensa Latina. Jornalista chileno, diretor fundador da revista Punto Final
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