Havana, 31 jul (Prensa Latina) A deterioração da OEA de Luis Almagro é maior do que pensava o presidente norte-americano Joe Biden, que insiste em aumentar suas ações anticubanas dentro e fora desse organismo regional, do qual Havana foi expulso em 1962.
Isso foi apontado por diplomatas daqui após a nomeação, às vésperas do cubano-americano de Miami Francisco Mora, ex-subsecretário de Defesa para o Hemisfério Ocidental, como o novo embaixador americano na OEA, em substituição ao também cubano-americano de Miami Carlos Trujillo, que serviu na administração de Donald, Trump.
Mora, como Trujillo, está entre os democratas que exigem tentativas mais duras de desestabilizar o governo cubano e também se opõem a qualquer relaxamento do bloqueio econômico, comercial e financeiro que Washington aplica a Cuba há mais de seis décadas.
Embora o Secretário-Geral Luis Almagro – eleito e reeleito sem contendores – tenha se esforçado para sujeitar cada vez mais a OEA à política regional da Casa Branca, como durante o golpe de 2019 na Bolívia, não consegue chegar a um consenso contra a Revolução Cubana.
Esta semana, a maioria dos países membros desmascarou as manobras da direção dessa organização que buscava um pronunciamento condenatório de Cuba e que resultou em um maior isolamento dos Estados Unidos nesta e em outras regiões do mundo.
Quase todos os membros da OEA, incluindo os 13 países membros da Comunidade do Caribe (Caricom), rejeitaram as tentativas de ofender a maior das Antilhas, que o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, descreveu como uma nova derrota para o órgão regional.
Esses Estados chegaram a reiterar em carta dirigida a Biden seu pedido de levantamento do bloqueio dos Estados Unidos a Cuba – condenado, ano após ano, quase unanimemente nas Nações Unidas – e recordar as relações sólidas e mutuamente benéficas entre Havana e o resto do Caribe durante nos últimos 49 anos.
O Caricom, afirma a carta, considera Cuba e seu povo um membro valioso e respeitado de nossa família de nações caribenhas.
A crise Almagro da OEA ocorreu precisamente na mesma data em que, há 59 anos, Cuba foi expulsa do corpo – fundado em 1948 com raízes na Doutrina Monroe – ao qual nunca voltou, apesar dos pedidos de 2009 para voltar.
Especialistas latino-americanos consideram esse fato uma anomalia, já que essa medida nunca foi aplicada a outro Estado membro na história da OEA e, de fato, marca uma política de dois pesos e duas medidas.
Em 1962, o México foi o único país que se opôs à expulsão de Cuba e nunca rompeu relações diplomáticas com ele.
Não é por acaso, então, que o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, levantou na semana passada aos chanceleres da América Latina e do Caribe a urgência de substituir a OEA por ‘um órgão autônomo, não lacaio de ninguém’.
Propôs, nesse sentido, construir algo semelhante à União Europeia, mas ‘apegado à história, à nossa realidade e às nossas identidades’.
Já é inaceitável a política dos últimos dois séculos, disse ele, caracterizada por invasões para colocar ou remover governantes ao sabor da superpotência. Vamos dizer adeus às imposições, interferências, sanções, exclusões e bloqueios, enfatizou. O atual panorama regional – renovado com as próximas eleições em diversos países – pode facilitar os esforços de integração promovidos pela Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA-TCP), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade da América Latina e Estados do Caribe (Celac).
O Celac, que reúne mais de 650 milhões de habitantes e enormes recursos naturais em 33 países, sem contar os Estados Unidos e o Canadá, será presidido pela Argentina a partir do próximo ano.
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