Artigo sobre o assunto publicado pelo Center for Journalism Investigation (Ciper) apontou que se trata de um ataque completo por diferentes flancos em uníssono, no qual La Tercera e Emol, empresas que controlam o jornalismo no país, lideram a campanha.
Cíper indica que a conta digital Ojo del Medio fez um acompanhamento rigoroso no Twitter e no Instagram, onde ‘tentam instalar matrizes de opinião que depois se repetem levemente, muitas vezes mesmo sabendo que são falsas’.
Um deles aponta que os membros desse órgão não trabalham o suficiente, e contra a presidente da Convenção, a acadêmica mapuche Elisa Loncon, apelando ao racismo acentuado de uma parte da sociedade chilena e que tem sido questionado mesmo que possa ler, embora fale quatro línguas.
‘Os ataques ao CC nas redes sociais são claramente coordenados, não são espontâneos e seguem uma lógica de agressão sistemática’, afirma Ciper, lembrando que o site Contexto Factual mostrou que a hashtag #DestitucionDeElisaLoncon virou tendência nacional no dia 27 de julho e assim entrou na agenda de comunicação do país.
A equipe interdisciplinar de pesquisa da Universidade Católica de Valparaíso (PUCV) confirmou, com o apoio da empresa Analitic, a tendência de ataques à Convenção, personalizada na figura de Loncon.
Isso permitiu identificar mais de oito mil contas de usuários, que foram a favor da rejeição no plebiscito de outubro de 2020 segundo suas expressões nas redes sociais, e hoje fazem parte de uma tropa ativa e coordenada que ataca a Convenção.
Acrescentou que se trata também de ações constantes ao longo do mês, centradas em Elisa Loncon, com um discurso de ódio que incita à violência real, que ‘é sancionada por muitas leis, pois comporta um evidente perigo social’.
Ciper concluiu que ‘além de ter que superar uma série de obstáculos administrativos e financeiros para funcionar e escrever uma nova Constituição, o discurso de ódio é o novo desafio e o novo obstáculo que a Convenção deve enfrentar neste processo histórico e, talvez, ser o mais perigoso de todos. ‘
Ele também lembrou que existe uma legislação internacional que o sanciona, como na Alemanha, cuja chanceler federal, Angela Merkel, disse que a liberdade de expressão termina onde começa o discurso de ódio; ou na Espanha, onde o Ministério do Interior publica anualmente um ‘Relatório Anual sobre Crimes de Ódio’.
Ciper informou que a equipe de Demoscopia Eletrônica da PUCV, formada por lingüistas, engenheiros e comunicadores, em coordenação com a presidência da Convenção Constitucional, fará o monitoramento sistemático do discurso de ódio no contexto digital.
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