O clímax do intercâmbio foi o diálogo de ontem à noite em Genebra entre o Ministro das Relações Exteriores russo Sergey Lavrov e o Secretário de Estado dos EUA Anthony Blinken, que prometeu que Washington entregaria suas opiniões sobre as iniciativas de Moscou na próxima semana.
Falando em uma entrevista coletiva após a reunião, o funcionário russo enfatizou que este era um dos compromissos da Casa Branca, embora, segundo ele, o lado estadunidense tenha novamente limitado qualquer progresso nas negociações à questão da suposta ameaça de invasão da Ucrânia por parte de seu país.
“Nossos colegas americanos tentaram novamente priorizar os problemas na fronteira russo-ucraniana, tentaram fazer todo o resto depender da necessidade da chamada desescalada. Isto já se tornou uma espécie de conjuração”, disse ele.
Ele advertiu que, no momento, qualquer discussão sobre as relações entre Moscou e Washington se resume à situação na Ucrânia. “Nas relações EUA-Rússia tudo se resume a como Zelensky (Vladimir, presidente da Ucrânia) e seu regime se sentem. Isto não é correto”, frisou ele.
O chefe da diplomacia russa observou que seu país não poderá avaliar se seus contatos com Washington estão no caminho certo ou errado até que receba respostas escritas dos Estados Unidos a todos os pontos mencionados nas minutas de acordos entregues ao lado americano.
Acusações e conjecturas sobre um ataque iminente da Rússia à Ucrânia fluíram da presidência dos EUA, do Departamento de Estado e do Pentágono em um coro uniforme unido também por seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
O recente anúncio de exercícios militares entre a Rússia e Belarus, de 10 a 20 de fevereiro no território deste último, alimentou as chamas da propaganda sobre o assunto.
Um alto funcionário do Departamento de Estado americano acrescentou combustível ao incêndio quando declarou que os próximos exercícios conjuntos entre os dois países poderiam permitir ao lado russo atacar Kiev na direção norte.
Enquanto isso, em Kiev, o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleva, confirmou que a ajuda militar dos EUA a seu país em 2021 foi de US$ 650 milhões, a maior desde 2014.
O funcionário salientou na quinta-feira que a Casa Branca se comprometeu a continuar a fortalecer as capacidades defensivas de seu país, inclusive com armamentos letais.
As observações de Kuleva vieram quando a Rússia denunciou a militarização da Ucrânia como uma de suas “linhas vermelhas”, ou seja, uma ameaça de alto nível a seu território, e exigiu que Washington parasse as entregas de armas a Kiev.
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