27 de November de 2024
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Eleições históricas previstas na Colômbia

Francisco Toloza

Eleições históricas previstas na Colômbia

Por Odalys Troy

Bogotá, 13 de mar (Prensa Latina) Cerca de 39 milhões de pessoas têm hoje o poder de eleger senadores e parlamentares do Congresso colombiano em eleições que prometem ser históricas.

Em entrevista à Prensa Latina, o professor Francisco Toloza, da Universidade Nacional, explicou que não é clichê dizer que o dia das eleições deste domingo é histórico em vários aspectos. A primeira coisa é o contexto latino-americano onde a direita vem perdendo espaço com as recentes derrotas em Honduras e Chile, dois de seus redutos mais importantes, destacou.

“Na Colômbia há uma nova realidade que se manifestou em um surto social sustentado em 2019, 2020 e 2021 e que muitos de nós aspiramos ver expresso nas urnas em um voto maciço a favor de setores alternativos e líderes sociais e abrir a possibilidade de uma vitória dos setores alternativos e de esquerda nas próximas eleições presidenciais de 29 de maio”, disse.

Para ele, o governo de Iván Duque, do Centro Democrático, tem contribuído para que cada vez mais setores vejam um governo de esquerda como alternativa.

“Por quê? Porque Duque não conseguiu lidar com a grande crise econômica que a Covid-19 ajudou a exacerbar, com uma moeda ultra desvalorizada, a pobreza monetária que afeta 45% da população (cerca de 21 milhões de pessoas”, enfatizou o também cientista político.

Soma-se a essa situação na Colômbia, graças ao governo neoliberal e de extrema-direita de Duque, a dura repressão contra os manifestantes, especialmente contra os jovens, no contexto da Greve Nacional de 2021, observou o acadêmico.

“Acreditamos que isso já é insustentável e a crise desse modelo, desse establishment colombiano não atingiu apenas os de baixo, os de sempre, mas também setores da classe média e da burguesia”, comentou.

Nesse sentido, explicou que foram afetados “pela crise econômica, política e de direitos humanos, bem como pela teimosia do governo Duque em manter praticamente uma situação de guerra com a irmã República Bolivariana da Venezuela”.

Ressaltou que a Colômbia é um país que depende economicamente do comércio com a Venezuela, há famílias binacionais e também uma ampla fronteira de mais de 2.200 quilômetros.

“É por isso que esse clima de guerra e ignorância da realidade política e social da Venezuela afetou e gerou grande sofrimento para um povo que é um só: o da região colombiana-venezuelana”, disse.

Ele destacou que o Centro Democrático certamente perderá um grande número de senadores porque “não tem mais seu principal líder, Álvaro Uribe, que teve que renunciar sua cadeira no Congresso para evitar a prisão e é profundamente questionado após os poucos avanços no Acordo na Paz”.

Além disso, “seu papel genocida foi revelado com mais de 6.400 jovens assassinados, infelizmente conhecidos como falsos positivos”, disse ele.

“Parte da expressão dessa crise é que, enquanto os setores alternativos apontam para uma clara vitória na consulta interna do Pacto Histórico, pelo senador Gustavo Petro, nos setores do establishment e do direito ainda estão colhendo margaridas”, apontou. Ele afirmou que há uma luta muito forte na coalizão de direita chamada Team for Colombia e ainda não se sabe quem será seu candidato.

“Mas qualquer um deles é candidato de perfil profundamente discreto e é a própria expressão da crise que a direita está vivendo”, disse ele.

Da mesma forma, disse não ver clareza no centro mau nomeado, que na verdade quer manter a Colômbia dentro da direita continental e do modelo neoliberal.

O uribismo, assegurou, está em declínio, mas a direita colombiana não está exterminada, não está acabada, pelo contrário, haverá também uma expressão de “voto empatado, voto de máquina, voto de clientelismo, voto que se compra e se vende e está em poder dos grandes partidos tradicionais e das novas máfias criando com partidos derivados do Uribismo neste século”.

É claro que haverá um parlamento dividido, um pouco mais à esquerda que o atual, mas com dificuldades para quem terá que governar o Palácio de Nariño a partir do próximo dia 7 de agosto, alertou.

Assegurou que estas eleições se realizam sem qualquer garantia de segurança, devido à continuidade do conflito armado e praticamente às penas de morte dos grupos paramilitares.

Também não há garantia em termos de igualdade de condições para o financiamento de campanhas ou transparência eleitoral porque -disse- “o escrivão Alexánder Vega é um símbolo da direita, do governo nacional que acusa a Rússia, Venezuela e Cuba, não por mais delirante que possa parecer, de uma suposta fraude eleitoral em favor da esquerda.”

“Ele fala sobre hackers que podem alterar o software do cartório e isso não é uma história ‘garcia marquiana’, o cartório chamou o FBI dos EUA para supervisionar o mecanismo de contagem de votos”, disse ele.

Essas faltas de garantias são a expressão clara do descumprimento do Acordo de Paz que contempla uma reforma política eleitoral fundamental que não foi feita, afirmou.

A notícia na Colômbia pode ser que uma direita, que venceu as eleições por 140 anos e tinha o controle do país, pode perder a presidência pelas urnas, ressaltou.

mem/otf/sc

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