Segundo o jornalista Jamil Chade do portal UOL, o documento enviado às autoridades brasileiras em 7 de abril faz parte de uma revisão que o organismo internacional realizará sobre as políticas de direitos humanos em andamento no país.
Um dos trechos pede à administração federal que “responda aos relatos de altos níveis de mortalidade na Covid-19 e descreva as medidas tomadas para evitar mortes evitáveis”.
O Brasil acumulou 661.960 vidas perdidas e 30.252.618 milhões infectadas pelo vírus desde o início da pandemia em fevereiro de 2020, de acordo com o boletim mais recente do Ministério da Saúde.
A ONU também exige que o Bolsonaro descreva as medidas tomadas para proteger grupos vulneráveis da doença, tais como afro-brasileiros, mulheres grávidas e povos indígenas.
Também precisa fornecer estatísticas sobre as taxas de mortalidade do patógeno dentro desses segmentos, em comparação com a população em geral.
O site Brasil de Fato relata que a administração Bolsonaro foi publicamente criticada no momento da apresentação do documento, quando o relator especial da ONU sobre os direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação, Clément Voule, questionou a extinção de 650 conselhos nacionais de participação.
Durante uma visita ao gigante sul-americano em 8 de abril, Voule alertou sobre os efeitos negativos de restringir a participação popular nos debates sobre políticas públicas de saúde, educação, meio ambiente e direitos humanos.
Chade lembra que não há punição prevista pela ONU para o pedido de explicações, mas é uma erosão adicional da imagem internacional de um presidente que tem grande dificuldade em estabelecer um diálogo com outros líderes mundiais.
Neste sentido, uma eventual conclusão negativa do comitê sobre o assunto poderia alimentar as acusações existentes contra o líder da extrema-direita no Tribunal Penal Internacional.
Pelo menos cinco acusações foram apresentadas perante ao Tribunal em relação à gestão da pandemia pelo poder executivo.
O mais recente foi o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito que avaliou o desempenho do governo antes da Covid-19, entregue em fevereiro, no qual Bolsonaro é acusado de nove crimes, incluindo contágio que resultou em morte e crimes contra a humanidade.
acl/ocs/bm