Em áudio divulgado ontem à noite pelo jornal The Guardian, Truss diz que a força de trabalho britânica precisava “trabalhar mais” e não tinha a “habilidade e dedicação” vistas em outros países.
“Este é um fato histórico há décadas. Acho que, no fundo, é um problema de atitude e de mentalidade, basicamente de cultura de trabalho”, foi o que disse a chefe da diplomacia britânica, antes de acrescentar que, na China, “é totalmente diferente”.
Segundo o jornal, a gravação data da época em que Truss atuava como chefe do Departamento do Tesouro, cargo que ocupou entre 2017 e 2019.
Os comentários desencadearam uma onda de críticas e sátiras nas redes sociais, onde vários usuários afirmaram que é o governo que deve trabalhar mais.
“As únicas pessoas que precisam trabalhar mais são os políticos, principalmente os conservadores”, disse um usuário que se identifica como GaraithLFalconer no Twitter.
O deputado trabalhista Jonathan Ashworth, que atua como ministro do Trabalho no chamado gabinete na sombra (oposição), considerou os comentários da candidata ofensivos.
“Em um momento em que os salários estão encolhendo graças ao fracasso dos conservadores em controlar a inflação e anos de crescimento fraco, é extremamente ofensivo que Liz Truss chame os trabalhadores britânicos de preguiçosos”, disse o legislador.
Ivette Cooper, correligionária de Ashworth no Parlamento, destacou, por sua vez, que o insulto proferido pela chanceler mostra sua incompreensão da classe trabalhadora do país.
Truss está concorrendo contra o ex-chanceler do Tesouro Rishi Sunak, cuja renúncia do gabinete precipitou a queda de Johnson em 7 de julho, depois que uma série de escândalos colocaram sua liderança e integridade moral em questão.
O novo líder conservador e primeiro-ministro serão escolhidos pelos 160 mil membros do partido, que têm até 2 de setembro para votar por correio ou e-mail.
O nome do vencedor será anunciado três dias depois, quando o Parlamento britânico retomar seus trabalhos após as férias de verão.
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