23 de November de 2024
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Vivemos um momento de transição para ordem internacional diferente

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Vivemos um momento de transição para ordem internacional diferente

Havana, 26 out (Prensa Latina) O enfraquecimento de uma ordem internacional baseada em regras impostas pelos Estados Unidos, no contexto da ascensão vertiginosa das chamadas potências emergentes, gera uma redefinição de alianças em nível global, consideram especialistas.

Por Ernest Vera

Redação Cuba

Nesse cenário, a potência hegemônica em declínio direciona seus esforços para exacerbar tensões e conflitos geopolíticos fora de seu território, como o desencadeado no Leste Europeu, na tentativa de manter a hegemonia a todo custo.

Segundo o diretor do Centro de Pesquisas Políticas Internacionais (CIPI), José Ramón Cabañas, esta conflagração se apresenta como uma questão entre Rússia e Ucrânia, quando na realidade é uma ofensiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com Washington na liderança, contra o poder eslavo.

Isso, frisou, começou muito antes do início da operação militar russa na região de Donbas, em 24 de fevereiro, e não terminará com o fim dessas ações.

Em entrevista exclusiva à Prensa Latina, o especialista explicou que o mundo vive um momento de transição para uma ordem internacional diferente, que alguns estudiosos definem como multipolaridade, que expressa a relativa perda de influência e a capacidade dos Estados Unidos de impor sua hegemonia e liderar um grupo de países.

Para o doutor em Ciência Política e ex-embaixador cubano na capital dos Estados Unidos (2012-2021), até recentemente aquele país era uma economia eficiente, e hoje vê como pioram suas estatísticas econômicas e sociais.

Enquanto isso, outras nações e associações econômicas apresentam indicadores muito positivos de crescimento, progresso tecnológico, investimento, eficiência, produtividade e estabilidade.

A análise das votações realizadas nas Nações Unidas em relação ao conflito na Ucrânia, com a intenção de sancionar a Rússia, revela a falácia de que os Estados Unidos lideram uma grande coalizão, apontou Cabañas.

Na realidade, disse ele, a maioria das nações do mundo não demonstrou apoio irrestrito a Washington.

A instabilidade global hoje, do ponto de vista econômico, político e militar, também se reflete em uma crise de liderança em muitos países europeus.

Nas nações ocidentais daquela região, tradicionais aliadas do poder esatdunidense, a distância entre a classe política e a população está se acentuando, o que vê como, devido a esse alinhamento, há uma queda retumbante no valor do euro e da aumento do custo de vida, o que aumenta a incerteza sobre o futuro imediato. Vários destes países dão sinais, a nível ministerial, de questionar esta política e o real impacto que tem nas suas economias. Mas o mais interessante – destacou o acadêmico – é a velocidade com que essas fraturas ocorrem, “em dias ou semanas”.

Enquanto isso, no resto do continente europeu e no mundo há nações que entendem que o alinhamento com os Estados Unidos não lhes é conveniente e começam a se agrupar com base em seus interesses nacionais e vínculos vitais. Ou seja, esse apoio não é monolítico, ressaltou.

Na opinião do professor, esses processos de rearranjo, que têm base econômica prática, com relativa independência de ideologias, não podem ser evitados por meio de medidas coercitivas, sanções e bloqueios ou ameaças.

Por outro lado, existem vários países com capacidade nuclear e o perigo de um erro é latente. O mais inteligente seria relaxar as tensões, negociar.

Infelizmente, não há canal diplomático no conflito, e os Estados Unidos não querem que a Ucrânia negocie, pois pretende manter sua hegemonia a qualquer preço, ressaltou.

A ACADEMIA CONTRA A DESINFORMAÇÃO

Para o especialista, na chamada grande imprensa, os assuntos realmente essenciais são tratados de forma muito superficial, quando são abordados, e há grandes distrações; enquanto as redes sociais e plataformas de internet são palco de um constante bombardeio de desinformação.

Uma das funções da Academia é alertar quais são as reais questões que afetam a sociedade, para facilitar a tomada de decisões políticas adequadas.

“É necessário fortalecer o apoio das instituições acadêmicas às iniciativas de integração latino-americana e caribenha e com o sul global, que atualmente é insuficiente, bem como a conectividade entre instituições, grupos de especialistas, para contribuir com a explicação dos problemas e sua solução”, aponta.

No CIPI tentamos contribuir neste sentido: a VII Conferência de Estudos Estratégicos, promovida pelo Centro, em conjunto com o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), é dedicada a essas questões e é um exemplo de nossa visão sobre o assunto.

Sob o título Polos de poder, multilateralismo e dilemas da transição para uma nova ordem internacional, o encontro debaterá de 26 a 28 de outubro, em formato híbrido, como novas alianças e hegemonias regionais podem gerar mudanças nas estruturas e formatos de tomada de decisão em escala global.

Seu principal objetivo é contribuir para a construção de um mundo mais justo, equitativo e pacífico, a partir das alternativas e propostas do sul global.

Segundo o diretor do CIPI, esses debates serão transmitidos ao vivo pelo canal do YouTube CIPICuba, e as gravações das mais de 50 apresentações e intervenções especiais serão divulgadas pelo site do Centro e perfis institucionais, enquanto as apresentações escritas permanecerão em formato digital.

arb/evm/cm

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