Estranho que o aniversário deva coincidir com um campeonato mundial, mas o aniversário é inédito, tão marcante quanto os objetivos da “El Pelusa” no México 1986, aqueles gestos inesquecíveis sob o sol e na frente de centenas de milhares de pessoas.
Tanto se falou de Maradona, e tanto será dito sobre ele, que é impossível compilar cada frase em um, dois ou três livros. Seu mito, universal e eterno, transcende os limites do campo, da própria vida.
Quando a nostalgia aparece, há as narrações de Víctor Hugo Morales no Youtube… e a magia aparece; ou as crônicas de Hernán Casciari no blog Orsai, cujo texto 10,6 segundos inspira e enaltece apesar das inúmeras leituras.
Há também a enésima enésima revisão de seu livro autobiográfico “Yo soy el Diego de la gente” (Eu sou o Diego do povo). Tudo na tentativa de entender o fenômeno, para entrar a bordo da paixão despertada pelo homem imperfeito e pelo futebolista de qualidades imaculadas em Buenos Aires, Barcelona, Nápoles, Sevilha…
Mas o dicionário de futebol encontra sua verdadeira essência nas arquibancadas, nos torcedores. No Qatar, enquanto as arquibancadas do Estádio Lusail ressoavam na derrota da Argentina para a Arábia Saudita, uma maré albiceleste cantava seu novo hino de batalha da Copa do Mundo.
Assim como em 2014 a emblemática canção “Brasil, decime qué se siente” (Brasil, diga-me como é) saiu, os gaúchos tiraram todas as paradas e apertaram a garganta com o hit “Muchachos, esta noche me emborracho”, cujo título – reconhecidamente – diz muito pouco.
Entretanto, a música temática preferida dos fãs, Lionel Messi e todos os membros da La Scaloneta vai além do álcool, festas, sorrisos e momentos felizes.
Com sublime emoção, eles gritaram: “Rapazes, agora temos esperança novamente, quero ganhar o terceiro, quero ser campeão mundial”. E podemos ver Diego no céu, com Don Diego e La Tota, torcendo por Lionel.
Essa é a essência de tudo isso: de Maradona, de Messi, do futebol, do orgulho nacional. É invocar seu santo padroeiro em busca de salvação; cantar em meio à turbulência, reverenciar em tempos de tristeza.
Silêncio absoluto, rezemos por Diego Armando Maradona, o Deus do “mais universal”.
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