Doha, 11 dez (Prensa Latina) Não por acaso, o panorama era menos sombrio: Portugal foi eliminado e o revés significou a despedida da Copa do Mundo do Cristiano Ronaldo mais humano que vimos em suas quase duas décadas de conquistas e gols.
Doeu ver chorar quem carregou nos ombros uma das épocas mais abençoadas do futebol português, com recordes individuais que perdurarão no tempo e se repetirão – vezes sem conta – para recordar um dos grandes atletas do século XXI.
Se um dia antes foi Neymar quem deixou imagens chocantes às lágrimas, Ronaldo não resistiu àquela mistura de sensações que leva ao limite e obriga a expelir sentimentos reprimidos, sem pensar nas câmaras ou nas questões arcaicas da masculinidade.
Despediu-se daqueles caprichos da vida e do futebol que nunca são facilmente digeridos, por mais que sejam regras da própria existência humana. E é que logo desistirão de discutir sobre a mesma poça d’água.
Quem é melhor: Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi? Talvez essa tenha sido a pergunta mais repetida nos últimos tempos, mesmo acima da mesma alardeada entre Michael Jordan e LeBron James.
“La Pulga” e “CR7”, dois caras tão desiguais e ao mesmo tempo tão parecidos que a razão tende a desaparecer em meio às discussões sobre a grandeza que emanam de suas figuras: um baixinho, com cara de assustado; o outro esguio, típico das capas de revista.
O futebol é estúpido? A vida será injusta? Como retirar esse par que acompanhou o cotidiano de milhões de pessoas no segundo milênio? Aqueles que marcaram a linguagem da disciplina e criaram uma das rivalidades mais icônicas que podem existir.
Nunca deixe que uma derrota o faça esquecer o caminho, máxima de ambos, o mesmo que hoje tem o argentino no Catar, com o único e firme propósito de erguer o troféu que há oito anos esteve extremamente perto no Maracanã.
A Copa do Mundo de 2022 significa o toque final para muitas lendas que dominaram seu tempo. Vários já terminaram, mas nem mesmo o mais ferrenho de seus detratores teve que curtir os soluços de Ronaldo após a derrota por 0 a 1 para o surpreendente Marrocos.
E para quem teve a coragem de esconder a tristeza, que falem os números -só com Portugal- para marcar a distância: 196 jogos, 118 gols, desses 98 em competições oficiais, mais 33 assistências, e os títulos de campeão da Eurocopa ( 2016) e Liga das Nações (2019). Nada mais a acrescentar.
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