A Secretária de Estado dos Direitos Humanos, Ana Celeste Januário, também advertiu que em alguns territórios os casamentos arranjados entre estupradores e suas vítimas continuam a ocorrer como forma de evitar as duras sentenças impostas pelos tribunais.
Em entrevista exclusiva à agência Angop, o jurista valorizou o papel das denúncias no combate ao flagelo, mas alertou que as soluções devem começar pela prevenção e não pelo exacerbamento das condenações. Desta forma, ela defendeu um trabalho profilático mais eficaz, com a participação das mídias sociais do país.
A violência sexual, lembra Januário, ocorre fora e dentro da família; no primeiro caso, como envolve terceiros, é mais fácil de punir; mas quando acontece dentro de casa, as coisas geralmente são mais complicadas, disse ele.
Explicou que ainda há uma série de arranjos sociais em vigor para que o padrasto, pai, primo ou tio não seja responsabilizado, mesmo que a mãe saiba que a criança foi abusada.
É a família que faz os ajustes internos e diz: “Nós não vamos denunciar! E eles não o relatam, porque a pena é muito grave, o especialista lamentou e enfatizou a necessidade de prevenir crimes.
Meninas maltratadas, mesmo que tenham apenas 12 ou 13 anos de idade, são dadas em casamento aos próprios estupradores, que as transformam em esposas; em outras palavras, “elas fazem um acordo como se nada tivesse acontecido”, advertiu o oficial.
Infelizmente, disse ele, a proporção de casos relatados e processados ainda é muito baixa, embora existam casos de sentenças finais e exemplares.
Segundo o advogado, o país possui um sistema jurídico adequado para analisar e condenar tais violações, como parte da estrutura nacional de defesa dos direitos humanos, e é necessário aumentar a conscientização social sobre o problema.
mem/mjm/bm