Em entrevista ao Informate+, o comandante Aureliano Carbonell, da delegação de negociações de paz do ELN, lembrou que no final do ano passado foi reiniciado o processo de paz entre as duas partes.
Explicou que os guerrilheiros vêm tentando uma solução política há mais de 20 anos e a mais recente anterior foi desenvolvida com o governo de Juan Manuel Santos.
Foi acertado um processo com Santos em 2016 e em janeiro de 2017 foi montada uma mesa de negociação em Quito, no Equador, onde o mais relevante foi um cessar-fogo bilateral por 101 dias, muito bem recebido pelo país e também, como passo prévio, a participação da sociedade, primeiro ponto da agenda, lembrou.
Esse processo com Santos, apontou, foi rompido pelo governo de Iván Duque (2018-2022) que descumpriu os protocolos acordados perante a comunidade internacional, feriu Cuba como país fiador, ao pressionar os Estados Unidos a impor mais sanções.
Durante o governo Duque, o processo de solução política ficou totalmente estagnado e maltratado, destacou o comandante Carbonell.
É agora, com o triunfo eleitoral de Gustavo Petro que os protocolos são respeitados, conseguimos regressar ao país, estabelecer contatos com a direção nacional do ELN, definir linhas políticas para o processo de negociação coletiva e hoje estamos mais uma vez sentados na mesa de diálogo, ele especificou.
Neste processo, disse, o ELN quer que o país caminhe para caminhos de menos desigualdade, de soberania, que se gerem na nação outras realidades como a justiça, a cessação dos paramilitares, a autonomia, a independência e o desenvolvimento que favoreça as maiorias.
Sobre o Governo do Petro, destacou que é fruto das eleições e da revolta popular durante as manifestações de 2021, além disso, faz parte da era do progressismo e manifesta compromissos para grandes mudanças no país.
“Somos a favor de empurrar essas possibilidades, somos para que este país tome outro rumo”, sublinhou o comandante.
Sobre o cessar-fogo bilateral anunciado pelo Governo do Petro que, segundo o ELN, não foi acordado, destacou que na reunião que começa hoje em Caracas, na Venezuela, se procurará esclarecer esse desacordo.
Eles também tentarão “encaminhar o processo de forma que possamos desenvolver o segundo ciclo que está planejado para o México, em breve”, disse ele.
O processo de paz com o governo Petro está começando, teve a recente dificuldade de anunciar o cessar-fogo sem um acordo prévio, mas o ELN está disposto a avançar no âmbito bilateral e contribuir para mudar as situações que geraram o conflito armado na Colômbia, afirmou.
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