Em entrevista à Prensa Latina, o membro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade comentou que, enquanto os resultados oficiais ainda estão sendo publicados, este retumbante repúdio está sendo expresso em todas as áreas do múltiplo ato eleitoral que ocorreu no domingo passado.
O povo expressou sua rejeição ao modelo neoliberal tanto no referendo promovido pela Lasso como na eleição de autoridades, disse León.
Em sua opinião, os eleitores deixaram clara a vontade e a necessidade de mudança, especialmente nas províncias onde houve uma mudança na tendência dos líderes.
Foi o caso, por exemplo, em Guayas, onde o movimento Revolución Ciudadana (RC) pôs fim à hegemonia de mais de três décadas do Partido Social Cristiano (PSC) de direita com o triunfo de Marcela Aguiñaga como prefeita e Aquiles Álverez como prefeito de Guayaquil.
Como León afirmou, politicamente, a CR emergiu mais forte após ter sido sujeita nos últimos anos a perseguição, prisão, exílio de seus líderes e deslegitimação.
Destacou que esta força política liderada pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) venceu em pelo menos nove províncias, incluindo aquelas com a maior população.
O analista lembrou como a perseguição política custou a este movimento anos de esforço para ser legitimado pelo Conselho Nacional Eleitoral, e em apenas um ano ele conseguiu sair vitorioso nestas eleições seccionais, tanto nas grandes cidades quanto nas áreas rurais.
A mensagem destas eleições é que a CR está de volta como a principal força política do país, sublinhou o sociólogo.
Destacou a figura de Correa, que apesar de estar no exílio, sua presença foi muito significativa para a vitória de seu partido nas eleições.
Quanto ao referendo popular rejeitado pela maioria dos equatorianos, ele disse que a única intenção deste procedimento consultivo promovido pelo governo era legitimar a implementação do neoliberalismo a partir da Constituição.
A Carta Magna equatoriana é considerada uma das mais avançadas destes tempos, está estruturada em torno da soberania e é por isso que eles insistem em mudá-la, pois representa um obstáculo à aplicação do neoliberalismo radical, explicou León.
O especialista político estimou que, nos dois anos restantes do mandato de Lasso, ele e sua equipe insistirão em aprofundar o modelo de redução estatal e continuarão a fazer guerra contra todas as alternativas.
Entretanto, acrescentou, a disputa será expressa de forma diferente com a presença de governos locais já legitimamente no cargo, muitos deles da CR.
Para o ano de 2025, quando as eleições presidenciais estão programadas, ele previu que o dilema visto nos processos eleitorais mais recentes entre um projeto neoliberal e a RC, que representa uma proposta de mudança no cenário latino-americano e caribenho, será mantido.
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