Por Mayra Pardillo
Correspondente da Latin Press em Sancti Spíritus, Cuba
Anait Gómez, diretora do Centro Territorial do Património Cultural, comentou a autenticidade deste projeto de apresentação do dossiê antes do final do primeiro semestre do corrente ano.
A partir de abril próximo, o Conselho Nacional do Patrimônio Cultural começará a receber propostas.
As conclusões e parecer final serão objeto da Lei Geral de Proteção do Património Cultural e do Património Natural, aprovada em 2022.
Com quase um século de existência, o Baile da Ilha Pozas é para muitos um museu vivo das tradições que os imigrantes das Canárias e seus descendentes procuram manter através da dança e da música, incluindo a arte manual -por exemplo, o tatuagem- e a culinária.
Felicia Estepa, diretora e instrutora do grupo, disse que o referido grupo de dança possui um repertório das danças mais antigas das Ilhas Canárias, trazidas a Cuba por imigrantes, parte dos quais se estabeleceram neste município.
Estepa participou em dezembro passado num workshop para promover sinergias em torno da proteção do património material e imaterial, realizado em Sancti Spíritus, e ali salientou que se trata de um grupo transportador que completará 94 anos no próximo mês de junho.
Nela estão presentes as ondas migratórias que trouxeram consigo vestuário, calçado, alimentação e outros costumes, explicou.
Tivemos intercâmbios na Venezuela e nas Ilhas Canárias, enfatizou em seu discurso a diretora do Danza Isleña de Pozas.
Foi ao ilhéu José Garcés, natural de Los Realejos, Tenerife, que se atribui a iniciativa de juntar os conterrâneos para preservar as tradições, cujo legado é salvaguardado pelos seus descendentes.
No final da década de 1920, Garcés propôs a criação de um grupo de músicos para animar, terminada a colheita do tabaco, as festividades de Santa Lucía.
O repertório aumenta, com valsas, malagueñas, polcas, folías e pasodobles e outros gêneros típicos daquelas ilhas espanholas, que os antigos chamavam de Afortunadas.
Talvez nunca tenha ocorrido ao tenerife que as folías, pasodobles e outros gêneros típicos das Canárias incluídos no repertório deste conjunto folclórico transcenderiam de 1929 até hoje.
A Danza Isleña de Pozas é formada por cerca de vinte pessoas e já recebeu os prêmios Cultura Comunitária (2001) e Memória Viva (2002). Os Festivais Pegadas de Espanha também marcam presença.
CABAIGUÁN, CAPITAL DAS ILHAS CANÁRIAS DE CUBA
Cabaiguán é conhecida como a capital canária de Cuba, já que cerca de 80 por cento da população deste município de Spiritu é descendente de Canárias, enquanto a cidade contribui para que a província seja o segundo maior produtor de tabaco do país.
Mario Luis López, presidente da Associação Canária Leonor Pérez Cabrera de Cuba -mãe do Herói Nacional José Martí- em Cabaiguán, anunciou recentemente as atividades para preservar as tradições das Ilhas Canárias.
Entre eles, mencionou o Festival Canariguán ou Fiesta del Tabaco, a cada dois anos, a Bienal de Cultura Agrária, as noites de tradições canárias e a festa da Cruz de Mayo, além dos clubes e tertúlias regulares.
López é autor de vários livros, como La aventura del tabaco. Os canários em Cuba; Ilhéus em Cuba; A lenda do Homem Vermelho. Um bandido das Canárias em Cuba; Festas de origem canária em Cabaiguán e A Lenda de Cuquillo, o poeta da ilha de Mazo e Cabaiguán.
Segundo os dados consultados, em 2018 a Comissão Geral das Comunidades Autónomas do Senado aprovou por unanimidade uma moção que reconhece La Graciosa como a oitava ilha habitada das Ilhas Canárias, deixando de ser considerada como um ilhéu.
Até recentemente, apenas sete eram mencionados: El Hierro, La Palma, La Gomera, Tenerife, Gran Canaria, Fuerteventura e Lanzarote.
E segundo Ecured (Enciclopédia Colaborativa da rede cubana) La Graciosa tem apenas 27 quilômetros quadrados e está localizada ao norte da ilha de Lanzarote, da qual depende administrativamente e da qual é separada por um braço de mar conhecido como El Rio.
A escritora, poetisa e escultora cubana, nascida em Sancti Spíritus e descendente das Canárias, Thelvia Marín (1922-2016), deixou para a posteridade os seus sentimentos: uma afluência de agricultores canarinos ao território.
Canárias, até vós voo/ Com as asas de quem adora/ a sua linhagem forte, e anseia/ O azul límpido do vosso céu/ No meu ser levanto o véu/ Dos que emigraram para Cuba/ Os meus avós que desistiu/ Com trabalho mais duro/ Das tuas mãos, as mais puras/ Que com o seu amor nos legaram.
DESPERDÍCIO DE COR E TRADIÇÃO
Se algo distingue a Danza Isleña Portadora de Pozas é a cor das fitas, pois durante a dança seus participantes tecem em torno de um pedaço de madeira anéis enfeitados com flores, os trajes típicos e o amplo repertório.
Os ilhéus -como eram conhecidos desde sua chegada- encheram os campos e povoados da província de Sancti Spíritus como Taguasco, Zaza del Medio, La Larga, La Rana, Guayos, Pedro Barba, Neiva, El Purial, El Troncón, Santa Lucía , El Zaíno, Pozas, Motas, El Guajén, Monte Abajo, Fomento e Cabaiguán, segundo o volume Islanders in Cuba.
Se declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Nação, a Danza Isleña Portadora de Pozas, uma das joias folclóricas do patrimônio cultural hispânico em Cuba, dividiria honras com a Trova cubana, que figura nessa lista desde dezembro passado.
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