Falando num debate ministerial do mais alto órgão decisório da ONU sobre as implicações da subida do nível do mar para a paz e segurança internacionais, Guterres advertiu que se não agirmos rapidamente, o mundo enfrentará consequências impensáveis.
Mencionou êxodos em massa, conflitos sobre o acesso a água doce, terra e outros recursos, bem como uma série de questões legais que nunca tinham sido contempladas antes.
Salientou que mesmo que o mundo conseguisse limitar a subida da temperatura global a 1,5 graus Celsius (ºC) até ao final do século, o nível do mar subiria consideravelmente, enquanto que uma subida de 2ºC duplicaria, acrescentou ele.
Seja como for, disse ele, muitos países e metrópoles estão em risco.
O perigo é especialmente grave para os quase 900 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras baixas, ou seja, uma em cada dez da população mundial, disse ele.
Entre os efeitos já sofridos por estas populações, citou o exemplo das Caraíbas, onde a subida do nível do mar está a contribuir para a devastação dos meios de subsistência locais nos sectores do turismo e da agricultura.
Comunidades pouco mentirosas e países inteiros poderiam desaparecer para sempre. Assistiríamos a um êxodo em massa de populações inteiras à escala bíblica. E veríamos uma concorrência cada vez mais feroz por água doce, terra e outros recursos’, previu ele.
Ele acrescentou que o impacto da subida do nível do mar já está a dar origem a novos factores de instabilidade e conflito.
Para fazer face a esta situação, Guterres instou à acção em três áreas: combater a fonte do aumento dos mares: a crise climática, e implementar estratégias para acabar com a pobreza, a discriminação, a desigualdade e as violações dos direitos humanos, todas elas causadoras de insegurança.
As consequências da subida do nível do mar devem também ser abordadas num quadro jurídico e de direitos humanos, uma vez que irão gerar potenciais disputas sobre a integridade territorial e os espaços marítimos, e conduzirão a deslocações de grandes populações, que terão de ser consideradas na perspectiva dos direitos dos refugiados.
Pela sua parte, o Presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Kőrösi, afirmou que as emergências climáticas abrem novas janelas para a cooperação e inclusão e apelou ao reforço de parcerias para alcançar a transformação rumo a um mundo mais seguro.
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