Na Assembleia Nacional (Parlamento) aprovaram no sábado passado um relatório que recomenda o início do procedimento, previsto no artigo 129.º da Constituição, no entanto, os legisladores ainda não anunciaram quem vai apresentar oficialmente o pedido.
Esse é o primeiro requisito -essencial- de um extenso processo constitucional que pode terminar com a destituição do presidente.
Os fundamentos seriam supostos crimes contra a segurança do Estado e a administração pública, após denúncias de omissão de informações sobre uma suposta rede de corrupção e vínculos de seu governo com o narcotráfico.
O legislador que apresentar o pedido deverá reunir pelo menos 46 assinaturas para apresentar um documento que será submetido ao presidente da Assembleia Nacional, que notificará o Conselho de Administração Legislativa (CAL).
Essa não parece ser uma etapa difícil, já que a bancada opositora União pela Esperança (UNES) tem 47 cadeiras, o suficiente para avançar sozinha nessa primeira fase.
De seguida, o CAL deve verificar o cumprimento dos requisitos formais do requerimento e, caso se verifiquem, remetê-lo ao Tribunal Constitucional, instância que dispõe de seis dias para emitir parecer de admissibilidade.
A essa altura, parlamentares como Blasco Luna, da UNES, esclareceram que se trata de um processo meramente político, para o qual não é necessária uma ação penal prévia.
Se o Tribunal autorizar, o processo seguirá para a Comissão de Fiscalização para iniciar o processo com a notificação das partes, inclusive do presidente, que terá a oportunidade de exercer o direito de defesa.
Ao final desta etapa, a Comissão Fiscalizadora elaborará um relatório onde recomendará ou não o impeachment.
Nessa altura, o presidente poderá voltar a defender-se perante o plenário do Parlamento, que depois abrirá o debate, no qual poderão intervir os 137 legisladores.
Por fim, no prazo de cinco dias, o chefe do Legislativo convocará a votação final, que exige a aprovação de 92 deputados para destituir o presidente.
Enquanto o governo nega as acusações, descreve-as como tentativas de desestabilização e recebe o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), as organizações sociais se unem aos pedidos de antecipar o fim do mandato de Lasso por via constitucional.
A Frente Unitária dos Trabalhadores convocou uma mobilização nacional para o próximo dia 14 de março com o objetivo de exigir que o Tribunal Constitucional admita o impeachment.
Essa é uma das opções da oposição para acelerar o afastamento de Lasso do poder, já que a regulamentação atual também prevê ações como renúncia e cassação do cargo, este último mecanismo também em andamento.
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