23 de November de 2024
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França sem virar a página da reforma previdenciária

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França sem virar a página da reforma previdenciária

Por Waldo Mendiluza
, 24 abr (Prensa Latina) O debate público continuou hoje na França entre o Governo e sua defesa do chamado do presidente Emmanuel Macron para assumir a reforma da aposentadoria e os detratores dessa iniciativa, que descartam virar a página.

Quase diariamente surge um novo capítulo de confrontos, alimentados pela ofensiva do presidente para tentar convencer os franceses de que a extensão da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos e outros elementos da reforma já decretada são coisas do passado e que o país deve olhar a outros pontos da sua agenda.

Na semana anterior, o chefe de Estado visitou cidades da região oriental da Alsácia e do departamento meridional de Hérault, onde a sua operação de sedução foi fortemente rejeitada, tanto em manifestações como durante os contatos com os habitantes das comunas visitadas.

Macron reiterou o apelo a centrar os debates em questões como o emprego e a educação, anunciou um aumento salarial para os professores e trocou critérios com muita gente, numa altura em que as sondagens colocam a sua popularidade tão baixa como no final de 2018, quando estourou Movimento dos Coletes Amarelos.

Porém, nada disso tirou o descontentamento com a reforma da previdência e a exigência de retirá-la das primeiras páginas dos jornais e telejornais.

Na véspera, em entrevista ao jornal Le Parisien, o presidente reconheceu erros e incompreensão diante do polêmico projeto e destacou a importância de “voltar ao debate público, porque há algumas coisas que não são claras.”

As suas palavras foram mais uma vez acompanhadas, tal como na intervenção televisiva de há uma semana, pela defesa da reforma e pela qualificação de “necessária”, bem como pelo convite a trabalhar outras questões, desde o poder de compra à imigração e à fortalecimento das instituições.

Assediado pelas urnas, pelas mobilizações e pela posição de sindicatos e partidos de oposição de que “vão continuar na luta”, Macron apostou em seu chamado para virar a página de uma arma que já funcionou para ele no passado, e de fato ele o levou ao Palácio do Eliseu nas eleições de 2017 e 2022: a ameaça da extrema direita.

“Marine Le Pen chegará (ao poder) se não soubermos responder aos desafios do país e se instalarmos o hábito de mentir ou negar a realidade”, afirmou sobre a vantagem que atribuem à atual crise política e social ao líder da extrema direita e sua rival nas duas últimas eleições presidenciais.

Para o coordenador do La Francia Insumisa (LFI), Manuel Bompard, o presidente continua a demonstrar o seu desprezo pelos seus concidadãos, ao dar a entender que não compreenderam bem a reforma.

Quer colocar como um déficit que entende, que não existe, os franceses entenderam bem e não aceitam trabalhar mais dois anos, sublinhou em declarações ao CNews.

Bompard mostrou a expectativa de que no dia 1º de maio, nas passeatas e atividades pelo Dia Internacional do Trabalhador, o país dê uma resposta contundente ao chefe de Estado, “com a maior mobilização já organizada”.

Os sindicatos concordaram em concentrar forças para aquele dia, que seria o décimo terceiro das ações de rua e greves contra a reforma da previdência desde 19 de janeiro.

A secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Sophie Binet, também criticou as intenções de Macron e denunciou “total hipocrisia por parte do governo”.

Se a reforma não for retirada, será muito difícil encontrar relações de confiança, explicou o dirigente, que anunciou que estão em curso os preparativos para um Primeiro de Maio com mais de 300 manifestações em território nacional.

Por sua vez, os ministros do Interior, Gérald Darmanin, e dos Transportes, Clemente Beaune, defenderam a gestão do presidente e sua cruzada para convencer o povo.

jf/wmr/ls

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