23 de November de 2024
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Revelação aguça contradições entre o governo do Peru e seus aliados

Revelação aguça contradições entre o governo do Peru e seus aliados

Lima, 8 mai (Prensa Latina) As contradições na frente governista se destacam hoje após a versão de que o Governo do Peru responsabilizou militares e policiais pelas 69 mortes registradas na letal repressão contra os protestos antigovernamentais.

O semanário Hildebrandt en sus 13 publicou parte da posição do Peru a respeito de um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgado em 4 de março, que o jornal Uno qualifica como “Nem tanto, nem tanto, nem tanto”, local frase que define o ambíguo.

A investigação reconhece violações de direitos humanos e sugere que possivelmente houve execuções extrajudiciais e massacres, o que o governo negou, destacando o papel das Forças Armadas e da Polícia.

Como de costume, a CIDH, órgão integrante do chamado Sistema Ibero-Americano, da Organização dos Estados Americanos, sob a égide dos Estados Unidos, absteve-se de acusações claras e formulações condicionais, sem os termos radicais que costuma usar quando se pronuncia contra os governos de esquerda da região, ainda que não sejam de sua alçada, limitando-se aos que se submetem à sua jurisdição.

Segundo o documento revelado, que segundo Hildebrandt em seu 13º, denotam hipocrisia, pois isenta o Executivo de culpa e deixa as responsabilidades nas mãos dos fardados.

A resposta oficial afirma que “os infelizes resultados (as mortes) ocorridos não foram gerados por decisões políticas autoritárias” e “de forma alguma foram promovidas atitudes ou práticas repressivas direta ou indiretamente (do Governo) fora do quadro legal”.

Ao mesmo tempo, afirma que “os possíveis excessos da força militar e policial são objeto de investigação e seguirão seu curso processual para apuração de responsabilidades individuais”. Específica que nos próximos meses haverá “uma reestruturação das Forças Armadas e da Polícia Nacional”, que não foi oficialmente anunciada.

Por outro lado, uma declaração do partido direitista Fuerza Popular (FP) qualificou a resposta da presidente Dina Boluarte ao relatório final da CIDH como “morna”.

Ao que tudo indica, “o Governo não está interessado em pôr em causa as acções das nossas gloriosas Forças Armadas e da nossa corajosa Polícia Nacional”, refere o comunicado da FP.

Em Março passado, a imprensa deu a conhecer declarações do antigo Ministro da Defesa e actual Primeiro-Ministro, Alberto Otárola, perante o Ministério Público sobre as mortes registadas após a posse do Presidente Boluarte, no sentido de que nenhum membro do Governo tinha responsabilidades operacionais e que estas são responsabilidade das Forças Armadas e da Polícia.

Segundo a transcrição oficial do que Otárola declarou, indica que ele disse que como chefe da Defesa, durante a primeira onda de protestos, “sempre instruí o Comando Conjunto das Forças Armadas a cumprir as regras do uso regulamentado de força.”

O partido FP e grupos afins que, juntamente com as Forças Armadas, constituem os principais apoiadores do governo Boluarte, criticaram essas declarações. Também a Associação dos Oficiais Generales Reformados das Forças Armadas (Adogen), exigiu então que o Governo assumisse as suas responsabilidades e questionou o argumento do Executivo de que uma ordem verbal do Presidente Boluarte para não usar armas de fogo no controlo das manifestações.

“Os atores políticos não podem se escusar em contra-ordens verbais para impedir o uso de armas por regulamento, porque (as contra-ordens) são de menor hierarquia do que uma lei ou decreto legislativo”, disse Adogen sobre o decreto do estado de emergência, pelo que policiais e militares foram encarregados de enfrentar os protestos.

De acordo com o critério unânime dos analistas políticos, Adogen reflete as posições que a liderança militar não pode assumir devido à norma constitucional que proíbe os militares de fazerem declarações políticas.

ode/sra/jd

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